Hoje tinha uma coisa super engraçada para vos trazer... mas não consigo publicar o que quer que seja de jeito. Ontem, minutos depois de fazer o maravilhoso post sobre o quanto eu amo livros, e como eles me tornaram numa pessoa melhor, recebi um telefonema muito, mas muito triste: três companheiros morreram e outros tantos ficaram feridos, em consequência da derrocada de uma estrutura (não era bem um muro), aqui pertinho da Universidade e da minha casa.
Eu, que já cá vivo há seis anos, sempre conheci aquele "coiso" assim, em vias de cair a qualquer momento. Sempre que passava pelo sítio, evitava chegar-me tanto quanto possível. Nunca soube para que é que aquilo lá estava, até porque não devia ter serventia há mais tempo do que eu conheço o local. Estava só lá para cair em cima de alguém...
Acho que nada nos últimos tempos me impressionou tanto. Deitei-me, acordei, fui trabalhar e até ao presente momento, tudo isto não me sai da cabeça. Há um par de horas que estou a tentar estudar, mas não consigo. A minha colega de escritório nem conseguiu jantar depois de ter visto nas redes socais algumas fotos demasiado explícitas da tragédia, tiradas por alguns jornalistas que não tiveram qualquer tipo de respeito pelas vítimas e pelas suas famílias. Hoje não parou de chover, como se o universo fosse capaz de expressar a tristeza de todos.
Não conhecia nenhuma das vítimas, mas não consigo deixar de ficar triste. Nestes momentos, somos todos um só. Não vale a pena tentar arranjar culpados à força, nem falar do que não se conhece. Sei que a maioria pensa numa única palavra: praxe. Eu penso: negligência. De quem? Não sei... não estava lá. Mas as entidades competentes estão a averiguar, e vamos acreditar que a verdade será reposta e a justiça será feita. Até uma criança podia ser subido aquele "muro" e provocar este acidente terrível. Só quero deixar uma pequena ressalva: quando a praxe faz campanhas de sensibilização e angaria toneladas de comida para dar de comer a quem não tem pão na mesa para alimentar aos filhos, quando os alunos que fizeram parte da praxe põe a Universidade do Minho (e outras) nos rankings mundiais, publicam artigos científicos e ganham prémios por esse mundo fora, ninguém se lembra das "capas negras". Quando acontece uma tragédia, somos todos muito feios, muito porcos, e muito maus. Agora deixem trabalhar quem de direito, para que os culpados, sejam eles quem forem, sejam responsabilizados.
De nada nos adiantam palavras rudes, nem culpas desmedidas, nem dedos apontados. Para além de estudantes, estes companheiros eram filhos, irmãos, amigos. Era pessoas. Precisava de deitar cá para fora este desabafo. Não tenho mais nada a dizer. Não consigo.
Adenda: Por momentos pensei em apagar todo o post e não publicar absolutamente nada. Já sei que vou ser insultada. Mas não estaria a ser justa, nem honesta comigo mesma. Quem não estiver de acordo comigo, que me insulte então, não quero saber. Não é a mim que ofendem, não é a mim que desrespeitam - fazem-no às vítimas e às suas famílias. Eu estou viva e posso defender-me, eles não.
Sim, foi uma triste noticia que a comunicação social não esperou por sensacionalizar. Veremos o que sai dali.
ResponderEliminarnem sei bem o que dizer, fiquei gelada quando soube.
ResponderEliminarNão vejo motivos para que te venham insultar. Concorde-se, ou não, com as praxes, o que aconteceu não tem nada que ver com praxes. Tem que ver com incúria, falta de responsabilização das entidades competentes e se fosse a ti, não acreditava tanto que se vai fazer justiça. Quando é que já se fez justiça em Portugal? Só se foi daquela vez que levaram a tribunal um desgraçado que roubou uma embalagem de queijo fatiado, no Lidl.
ResponderEliminarMal é de quem morreu, que para eles nunca mais vai haver justiça. :\
Toda a gente sabe que a praxe não esteve relacionada, até os próprios jornalistas que criam os tablóides "Praxe mata três estudantes", mas o escândalo vende, mesmo que seja falso. Pessoas com bom senso como tu lamentarão as mortes, pessoas sem bom senso lamentarão a existência de praxe.
ResponderEliminarHeartless - Já sabes o que saiu... mal tiveram oportunidade, fizeram logo daqui um segundo Meco... Triste o jornalismo que se faz por essas bandas, e quem acredita nele =(
ResponderEliminarO meu reflexo - Já somos duas. Nem queria acreditar quando me contaram...
JS - Não seria a primeira a ser insultada por defender a praxe (ainda que seja a praxe com limites e balizada pelo bom senso). Agora sabe-se que há anos que o estado daquele local foi reportado às entidades competentes, mas foi preciso haver uma tragédia para se falar disso - quanto mais fazer alguma coisa. Eu quero acreditar que vai ser feita justiça, mas já sei que nestes casos ela morre sempre solteira... E com isso disseste tudo: para ele nunca vai haver justiça =(
almond_girl - Mesmo que se saiba que a praxe nada teve a ver com este triste acidente, a verdade é que ninguém quer saber. Se não culpam a praxe, culpam a juventude que é bêbeda, irresponsável e mediocre. Vende o escândalo, vende a tragédia, vende a vergonha. E a falta de respeito desses senhores que se chamam jornalistas também.