Se o natal é quando o homem quiser, e eu nunca quero, não entendo por que razão "a coisa" se repete todos os anos...
Não é novidade nenhuma que eu tenho um certo e determinado sentimento pelo natal que está muito próximo do ódio. Nos últimos anos tenho cuspido o meu veneno por todo o lado, mais propriamente, por aqui e por acolá, sobre aquela que considero a pior e mais deprimente época do ano. Não tenho boas recordações e parece que há sempre um refluxo, carregadinho de urânio de tão radioactivo, a subir-me pela goela acima todos os anos quando vejo decorações natalícias nas montras das lojas, as luzinhas nas empenas dos edifícios, as músiquinhas horrorosas... e me lembro da via-sacra de compras que vou ter que percorrer outra vez.
Odeio. Fazer. Compras. Sobretudo as de natal. Primeiro: a pesquisa. Tento sempre encontrar prendas que sejam "a cara" das pessoas que as vão receber. Em determinados casos, acabo por "fazer" eu os presentes, uma coisa personalizada, às vezes um pouco trambolha, mas com carinho. (A intenção é que conta, não é verdade? =P ). Segundo: a demanda. Os itens que vimos online não estão disponíveis na loja que visitamos, as pessoas empurram e espezinham "a concorrência" que lhes tenta surripiar as prendas, metade do stock de chocolates da Nestlé e o bacalhau crescido em quantidade para alimentar um batalhão para a ceia onde vão estar apenas quatro pessoas, mesmo nas suas barbas. As lojas estão super quentes e com aquelas melodias dos infernos, que mais parece que, a qualquer momento, poderei ver labaredas a espreitar do expositor mais próximo.
No ano passado fui ao shopping aqui perto para comprar as prendas do Moço. Cheia de saquinhas (eram só três, e duas delas pequeninas, mas eu sou raçada de Leprechaun), ponho um pé fora do edifício... e sou presenteada com uma chuvada medonha. Meia-Moça-Meia-Leprechaun prevenida que sou, levei guarda-chuva... mas também sou trambolha. Por isso, tentei, o melhor que pude, resguardar as sacas mais pequenas, já que uma delas tinha um moinho de café e cereais para o Moço, virando-as para dentro e tentando que o guarda-chuva as protegesse. Muito obviamente, a única saca de papel, a maior, onde levava um robe para o Moço e também algumas coisas para mim, ficou virada para fora. Mas eu, Meia-Moça-Meia-Leprechaun prevenida que sou, mas também crente, achei que a saca sobrevivia a uma pequena viagem de 10 minutos, até porque o aparelhómetro era a prioridade.
Pouco depois de ter deixado o shopping, comecei a reparar que as poucas pessoas que se cruzavam comigo me fitavam com o ar, diga-se, meio parvo. Para ser sincera, já estou habituada que as pessoas fiquem meias tontas a olhar para mim, porque ver uma moça de roupa preta (muito fáshiôn, por acaso) é coisa para vir na capa do jornal diário. Daí que não dei muita importância à questão, apesar de começar a sentir umas comichõezinhas por mim acima.
Entretanto, passei por uma pessoa que estava a tirar o carro de uma garagem da rua que, também ela, ficou a olhar para mim feita idiota e, reparei eu, espreitou pela janela algures para a "zona da minha pessoa" onde também estavam os sacos. Instintivamente, olhei para baixo. A saca de papel que tinha no braço estava toda molhada na parte de baixo, por causa da chuva, e estava aberta já com o conteúdo, constituído pelo dito robe e as minhas cuecas do Mickey e do Batman, a esbordar-se todo para a calçada, quase num golpe de malabarismo circense.
E ninguém, das várias criaturas que passaram por mim na rua, foi capaz de me avisar que tinha a porra das tripas da saca de fora, prestes a esbardalhar-se pelo passeio. Incluindo, insisto, as minhas cuecas.
Claro que, se fosse para criticar a forma como me visto, o tamanho das minhas unhas (sim, isso já aconteceu...), ou a maneira como olho para o pardal que acabou de pousar no parapeito da casa mais próxima, era xinganço estilo Auto de Fé no momento, sem pensar duas vezes. Mas avisar uma pessoa que tem uma saca aberta com as cuecas quase a fazer um caminhinho como as pedrinhas do Hansel, isso já não. Vamos só ficar a olhar feitos atrasados mentais.
Será que já disse que odeio o natal? E pessoas? Também odeio pessoas. Tenho dito.
P.S.: Lembram-se da caça de dragões e da chuva que nos molha, tipo balde de água fria, e que esperamos que não seja para sempre? Pois é, podemos dizer que tive que enfrentar um verdadeiro Cauda de Chifre da Hungria... mas consegui subir a nota do meu exame escrito e passar à fase seguinte. Agora, estou à espera que marquem a minha oral para, finalmente, terminar o estágio da Ordem (admitindo que consigo ser aprovada à primeira *faz figas*). Obrigada a todos os que aturaram as minhas pancas e me deram força para ultrapassar mais este obstáculo, em especial, ao Moço, claro. Porque sim, não pode chover para sempre.
Odeio. Fazer. Compras. Sobretudo as de natal. Primeiro: a pesquisa. Tento sempre encontrar prendas que sejam "a cara" das pessoas que as vão receber. Em determinados casos, acabo por "fazer" eu os presentes, uma coisa personalizada, às vezes um pouco trambolha, mas com carinho. (A intenção é que conta, não é verdade? =P ). Segundo: a demanda. Os itens que vimos online não estão disponíveis na loja que visitamos, as pessoas empurram e espezinham "a concorrência" que lhes tenta surripiar as prendas, metade do stock de chocolates da Nestlé e o bacalhau crescido em quantidade para alimentar um batalhão para a ceia onde vão estar apenas quatro pessoas, mesmo nas suas barbas. As lojas estão super quentes e com aquelas melodias dos infernos, que mais parece que, a qualquer momento, poderei ver labaredas a espreitar do expositor mais próximo.
No ano passado fui ao shopping aqui perto para comprar as prendas do Moço. Cheia de saquinhas (eram só três, e duas delas pequeninas, mas eu sou raçada de Leprechaun), ponho um pé fora do edifício... e sou presenteada com uma chuvada medonha. Meia-Moça-Meia-Leprechaun prevenida que sou, levei guarda-chuva... mas também sou trambolha. Por isso, tentei, o melhor que pude, resguardar as sacas mais pequenas, já que uma delas tinha um moinho de café e cereais para o Moço, virando-as para dentro e tentando que o guarda-chuva as protegesse. Muito obviamente, a única saca de papel, a maior, onde levava um robe para o Moço e também algumas coisas para mim, ficou virada para fora. Mas eu, Meia-Moça-Meia-Leprechaun prevenida que sou, mas também crente, achei que a saca sobrevivia a uma pequena viagem de 10 minutos, até porque o aparelhómetro era a prioridade.
Pouco depois de ter deixado o shopping, comecei a reparar que as poucas pessoas que se cruzavam comigo me fitavam com o ar, diga-se, meio parvo. Para ser sincera, já estou habituada que as pessoas fiquem meias tontas a olhar para mim, porque ver uma moça de roupa preta (muito fáshiôn, por acaso) é coisa para vir na capa do jornal diário. Daí que não dei muita importância à questão, apesar de começar a sentir umas comichõezinhas por mim acima.
Entretanto, passei por uma pessoa que estava a tirar o carro de uma garagem da rua que, também ela, ficou a olhar para mim feita idiota e, reparei eu, espreitou pela janela algures para a "zona da minha pessoa" onde também estavam os sacos. Instintivamente, olhei para baixo. A saca de papel que tinha no braço estava toda molhada na parte de baixo, por causa da chuva, e estava aberta já com o conteúdo, constituído pelo dito robe e as minhas cuecas do Mickey e do Batman, a esbordar-se todo para a calçada, quase num golpe de malabarismo circense.
E ninguém, das várias criaturas que passaram por mim na rua, foi capaz de me avisar que tinha a porra das tripas da saca de fora, prestes a esbardalhar-se pelo passeio. Incluindo, insisto, as minhas cuecas.
Claro que, se fosse para criticar a forma como me visto, o tamanho das minhas unhas (sim, isso já aconteceu...), ou a maneira como olho para o pardal que acabou de pousar no parapeito da casa mais próxima, era xinganço estilo Auto de Fé no momento, sem pensar duas vezes. Mas avisar uma pessoa que tem uma saca aberta com as cuecas quase a fazer um caminhinho como as pedrinhas do Hansel, isso já não. Vamos só ficar a olhar feitos atrasados mentais.
Será que já disse que odeio o natal? E pessoas? Também odeio pessoas. Tenho dito.
P.S.: Lembram-se da caça de dragões e da chuva que nos molha, tipo balde de água fria, e que esperamos que não seja para sempre? Pois é, podemos dizer que tive que enfrentar um verdadeiro Cauda de Chifre da Hungria... mas consegui subir a nota do meu exame escrito e passar à fase seguinte. Agora, estou à espera que marquem a minha oral para, finalmente, terminar o estágio da Ordem (admitindo que consigo ser aprovada à primeira *faz figas*). Obrigada a todos os que aturaram as minhas pancas e me deram força para ultrapassar mais este obstáculo, em especial, ao Moço, claro. Porque sim, não pode chover para sempre.