sábado, 19 de abril de 2014

Demência, de Célia Correia Loureiro

Quem me conhece sabe que eu tenho uma pancada-fora de-horas por livros. É uma patologia, pront's... e não há mesmo nada a fazer :P Para quem cresceu sem irmãos, primos ou praticamente mais ninguém por perto, os livros sempre foram os meus verdadeiros amigos durante anos e anos, que me levaram a conhecer pessoas e lugares inacreditavelmente maravilhosos. Mas deixemos isso para uma outra ocasião =)

A minha preferência recai, na maioria das vezes, sobre livros de fantasia ou clássicos: são os meus favoritos! Todavia, agora estou a começar a virar-me para a ficção científica - No more stupid myths: Sci fi is cool ^^

Apesar disso, de vez em quando gosto de experimentais coisas diferentes, quando há alguma coisa que me chama a atenção. Há quase dois anos deparei-me com o livro Demência, de uma autora portuguesa, a Célia Correia Loureiro. Consegui entrar em contacto com ela e comprei-lhe o livro directamente. E adorei. Na dedicatória, a autora escreveu: "Espero que este Portugal te toque". E tocou mesmo. Entretanto também lhe adquiri directamente a sua segunda obra, O Funeral da Nossa Mãe, que infelizmente está na minha estante à espera que tenha tempo para ele.

Experimentem, vale a pena. Aqui fica a review que escrevi à Célia:

"Para mim, que não costumo ler autores portugueses, este livro foi uma boa surpresa. Muito boa até. A sinopse prendeu-me e a narrativa nunca mais me largou.

A leitura é bastante fluída e agradável, na qual somos presenteados com os pontos de vistas de várias personagens, e em vários momentos das suas vidas. O presente e as memórias entrelaçar-se, encaixando como um puzzle que é construído no momento certo.

Muito de mim se debateu a ler estas páginas. Estão repletas de dor e alegria, de revolta e piedade, de abismo e milagre. Sentimentos esses que passam para o leitor. Há uma frase de outra obra que caracteriza Letícia com uma simplicidade mortal. "Se olhar para trás estou perdida". O momento mais profundo foi, sem dúvida, o seu final, "o perdão pela sobrevivência" e "a carta". Sem saberem realmente, Olímpia e Letícia são duas faces da mesma moeda, mais parecidas do que uma ou outra poderia imaginar.

Luz foi, provavelmente, a minha personagem favorita. Tão criança, mas tão forçosamente adulta. Consegue ser filha, irmã e neta, e por vezes quase mãe. Maria foi a criança que a vida e as circunstâncias lhe permitiram ser. Sebastião tornou-se, no desenrolar da narrativa, como uma chave firme que abre o mais inabalável dos cobres. Gabriel não foi o que eu esperava, sendo que desejava mais dele, provavelmente mais do que a própria Letícia desejava que ele fosse.

Mas falta-me ainda falar da "verdadeira personagem principal" desta obra: a hipocrisia. Cada palavra parece dar-lhe a mão e nunca a deixar ir embora. Em certos momentos, quase me levou ao desespero. Acredito piamente que toda a mulher que escolha "não olhar para trás" como Letícia mereça muito, mas muito mais do que um punhado de terra na cara e a absolvição pela justiça, absolvição essa que por vezes é parca, e muitas vezes nem chega a existir.

"Este Portugal" tocou.

P.S.: Continuo a adorar o cheirinho "acidental" a alfazema =) "

2 comentários:

  1. Não conhecia este livro, mas como te compreendo quando dizer que os livros eram a tua companhia quando havia tão poucas pessoas por perto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É um bom livro, recomendo-o. E sim, um livro é, para um filho único, quase como um irmão que nunca se teve =)

      Eliminar

Sê bem vindo!! Achaste este post tão maravilhoso como a sua autora? Ou tão alucinado da mona? Sente-te à vontade para deixar o teu contributo. Responderei assim que possível. Obrigada pela visita e volta sempre =)