sábado, 24 de março de 2012

As coisas de que são feitos os sonhos

Um dia ela sonhou. O que será que os Deuses tinham pensado para ela? Eles não tinham nada a ver com o seu destino. Abandonada.
…Um dia sonhei…
Constante demanda por respostas que voz alguma jamais lhe daria. Perseguida. Porém, havia coisas que não podiam ser mudadas. Mesmo que o silêncio de mil existências lhe sussurrasse que a direcção que deveria tomar fosse dar a um lugar totalmente oposto, este afinal acabava por fazê-la sentir que o seu fado fora sempre aquele.
…A vida é feita de escolhas…
Mas será o destino lei? Não cabe a um simples mortal desdizê-lo… O corpo esmorece, permanece. Olha o horizonte e a única coisa que pode fazer é… sonhar. Qual é o homem que se esqueceu de como sonhar? Somente aquele que perdeu a esperança pelo caminho. E se o fez, foi porque o destino assim o quis… ou quis o homem.
…Por detrás da porta existem sombras…
E há o medo, a incerteza, a desconfiança. Sentimentos vis que a tomam e não a querem deixar avançar. Os olhos mentem, enquanto o coração aponta. Apenas lhe resta fechar os olhos e continuar, um passo após o último.
…Palavras leva-as o vento… Mas não a força…
Ela olha em frente, onde a linha do horizonte marca o destino do seu coração. Ontem estava sozinha, a mente despida, a alma com frio. Mas hoje não.
…Agora sei quem sou. Sempre soube…
E quando os sonhos se tornam reais… sabemos que esse é o nosso destino. Um destino que nem sempre é o que sonhamos para nós… E ela soube-o. Um destino que era seu e só seu para tomar, sonho ou realidade.


Encontrei este texto no meio das minhas coisas e das minhas lembranças. Hoje deu-me para ir ao baú e desenterrar de lá aquilo que eu adorava fazer quando tinha tempo e inspiração para isso: escrever. Já nem sei o que é fazer isso. Há uns anos atrás escrevia de uma forma ávida e sempre bem acompanhada por todo o tipo possível e imaginável de musas. Mas entretanto essas entidades inspiradoras tiraram férias sem vencimento, mais prolongadas do que desejável, e o meu tempo para a composição desapareceu do meu calendário.

Da última vez que estive com a Sister, aquela vadalhoca endiabrada, na sua mais recente visita à nossa ciadezinha mai' linda (que ela agora trabalha e estuda em Lisboa, e é quase um milagre encontrá-la pelo Nuorte), partilhamos as mesmas queixas. Um dia ela escreveu-me que o seu dia favorito no ano seria "aquele em que voltarei a escrever das 9 da noite as 4 da manhã sem parar!". Partilho esse desejo fervorosa e borbulhantemente. Nem tempo tenho quase para ler (o ano passado li apenas três livros... =/), quanto mais para escrever ao nível do que era meu habitual. Igualmente, ela perguntou-se "onde está aquela rapariga que pegava em qualquer coisa e criava algo estupidamente genial que eu costumava ser?". Também não sei. Acho que se perdeu no mundo dos adultos, tal como eu.

Ambas queríamos ser escritoras. A universidade roubou-lhe quase e a mim tudo. Depois do nosso encontro, redescobri o tão importante de mim que deixei guardado numa gaveta qualquer, porque haviam coisas que se lhe sobrepunham. Foi um erro. Após quase quatro anos parada, percebi que perdi parte de mim no caminho. O texto acima é o prólogo do bestseller que um dia vou terminar de escrever, que tem como protagonista uma rapariguinha perdida que, com o tempo, se vai tornar numa verdadeira badass. É uma história de fantasia, pois claro, mas com pessoas bem reais. Mas, apesar destas palavras serem escritas a pensar nela especificamente, são também um modo de, em poucas linhas, descrever quase todos nós.

The Stuff that Dreams Are Made, por John Anster Fitzgerald, circa de 1858.

6 comentários:

  1. Não sabia que escrevias... brutal :D gostei de saber!

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  2. mais um bocadinho e eu começava a chorar com a nossa nerdice e afins....
    mas pronto acho que se te ajudei a desenterrar os tesourinhos deprimentes dum modelo de escrita decente (digo decente pois hoje qualquer um pensa que escreve o próximo romeu e julieta)e incentivei a que quisesses voltar fico contente obviamente...e melhor do que ninguém percebo a tua falta de tempo (também a tenho -.-"). by the way na minha faculdade é só posers de GOT que pensam que sabem tudo porque viram a serie e depois lá passo eu HORAS a esclarecer os detalhes e as merdas de que a HBO se "esqueceu" de mostrar e que eles são preguiçosos ou ignorantes para não lerem...enfim. no que toca a escrita tive uma ideia na muy nobre aula de mitologia portuguesa ( para nao adormecer de tédio), e la comecei a escrever feita maluquinha que tenho saudades de ser..e o que era pa ser uma short storie está agora a gritar na minha cabeça para fazer algo maior...mas ainda só um rascunho.

    e pronto acabei xD

    kisses*

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  3. Corina - Sim, gosto muito de o fazer, mas neste últimos anos ando um pouco parada. Um dia tiras um tempinho para ler ^^

    Filipa - A nossa nerdice é uma doença daquelas bem ruins xD Parece que levei uma lufada de ar fresco quando tirei o mofo às minhas coisinhas lindas =) Sobre isso de hoje em dia toda a gente escrever livros e se achar um escritor excelso, flashnews: lá por escreverem o que quer que seja, não quer dizer que esteja bem escrito ou que a narrativa seja aceitável. Quanto aos posers, podiam morrer todos. Depois tens que me contar essa nova ideia que tiveste ^^

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  4. Eu escrevia há uns anos atrás! Há muitooss anos atrás!
    Até tinha um blog com o que escrevia!
    Entretanto o tempo foi passando, escasseando, e a inspiração também!
    Perdeu-se uma grande poeta, portanto!
    :P

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  5. Xs - Isso é que não pode ser. Precisamos todos os nossos poetas/poetisas e escritores!! ^^

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