sábado, 24 de janeiro de 2015

A "Besta" #4 - Os salteadores da tese "perdida"

Sabem aquele sentimento de que tudo o que pode correr mal está a acontecer-vos?! Não é só o Markl que, num supermercado pejado de gente, consegue ser a única criatura a espetar o pé numa sopa que está abandonada no chão da secção de frutas e legumes e, consequentemente, fazer o resto das compras com uma sapatilha de pano azul e outra ensopada em couve de caldo verde. Isso também me acontece, figurativamente. Em relação à minha pequena "besta", acho que já me aconteceu quase de tudo...

A uma semana de entregar a tese, soube que tinha que entregar com a mesma, as declarações dos orientadores a darem a sua anuência nesse sentido. E soube por um qualquer acaso cósmico. Quando pensava que a única dor de cabeça seriam os quase cem euros que ia deixar na reprografia, lá andei eu como uma louca a mandar e-mails e fazer telefonemas para ter as declarações a tempo (tenho dois orientadores, um da Universidade do Minho, para a área de Informática, e outro externo, para a área de Direito, uma vez que a minha academia não tem nenhum docente da área do Direito de Autor). É verdade que podia ter ido ao Porto, mas corria o risco de lá chegar e ainda não estar pronta, e não ia pedir tardes ou manhãs no escritório em catadupa por causa de um documento que podia ser enviado pelo correio.

Entretanto, precisava de dar um últimos toques na "bestinha". Passei a segunda-feira que antecedeu a entrega (dia 31 de Outubro, sexta-feira) a terminar a formatação final da tese para a mandar imprimir. Só por volta da hora de jantar é que consegui finalmente aparecer na reprografia. Como não tinha o programa para formatar a capa e a folha de rosto da “besta” segundo as orientações da academia (aquilo tem uns templates específicos), perguntei aos moçoilos da reprografia se não precisavam de mim por causa dos nomes e do título. Disseram-me que bastava copiar os dados da declaração que vai dentro da tese com todas essas informações e que podia ir embora. Fiquei então de levantar os 6 exemplares obrigatórios encadernados a quente que me custaram os olhos da cara, mais um para mim (mas com argolinhas que é mais fácil de manusear e mais barato) e os dois cd-rom dois dias depois.

No final no dia marcado lá estava eu. Quando me apresentaram as "bestinhas" impressas, nem fui capaz de lhes tocar. Bastou mas meterem à frente dos olhos para perceber que o nome da tese estava incompleto em todos os exemplares. Obviamente, as “bestinhas” ficaram lá, para voltarem a imprimir as capas, descolarem as antigas e colarem as correctas. E eu a fazer contas ao tempo (que aos euros já eu tinha feito). No dia seguinte, quinta-feira, à mesma hora, com o coração aos saltos, voltei ao local. O alívio de estar tudo bem foi maior que o alívio da minha carteira.

Dia seguinte, último dia para entrega e véspera de finados (a ironia é uma coisa que a mim me assiste, e muito), tomei o pequeno almoço, fui entregar as “mini bestas”, mais uns papeluchos que eram necessários e… a cópia das declarações dos orientadores, uma vez que as originais não chegaram às minhas mãozinhas a tempo. Felizmente o pessoal da Escola de Direito facilita nesse aspecto, até porque outros alunos também já tiveram o mesmo problema que eu. Mas consegui entregar tudo o que era necessário e, no último dia de prazo, o meu trabalho estava, por ora, terminado.

O tempo foi passando, e sobre o assunto, apenas recebi um e-mail em Novembro, da Escola de Direito, a comunicar quais seriam os elementos do júri escolhidos para as minhas provas. Por essa altura fui levantar a declaração original do meu orientador de Informática à Escola de Engenharia, e recebi, efectivamente, uma declaração original da minha orientadora de Direito, por correio, ainda que com uma gralha. Foi-me garantido que a Universidade Católica enviaria uma outra rectificada, pela qual ainda espero... Acabei por entregar a declaração com a gralha, mesmo depois do incompetente do funcionário dos CTT ma ter colocado na caixa do correio ensopada em água da chuva, toda amarrotada como um lenço de papel usado e rasgada. Felizmente, na Escola de Direito, só se riram da minha má sorte, e aceitaram a declaração original mesmo assim.

Quando mais nada podia piorar, ontem, ao telefone, fiquei a saber que as minhas provas de defesa estavam marcadas para... 04 de Fevereiro. Sim, supostamente estava a saber com pouco mais de uma semana de antecedência que iria apresentar a "besta", quando todos os outros alunos têm, por regulamento, um mês para se prepararem. Acabei por passar na Escola de Direito da parte da tarde, para tirar a história a limpo. Uma vez que os restantes elementos do júri tinham, entre si, acordado aquela data, faltava apenas a minha orientadora confirmar a sua presenta. O problema é que ela não atende o telemóvel nem responde aos e-mails e, bem... pensaram em dizer-me alguma coisa, para eu ficar prevenida. A senhora da secretaria, é certo, não podia fazer nada de forma autónoma ainda que me quisesse ajudar a resolver a questão, mas perante uma situação destas, saltou-me a tampa. Felizmente, nesse momento, apareceu o director do meu mestrado que, de imediato, disse para se desmarcar as minhas provas, por tempo indefinido, até se arranjar uma solução, uma vez que, apesar de ninguém ter culpa do que se estava a passar, eu iria ser prejudicada a final. Segundo o que ele disse, talvez para Março, quando vier a primavera.

E é isto meus senhores. Está mais difícil terminar este mestrado do que andar a escarafunchar por aí com o Indiana Jones para encontrar o Graal. Ou encontrar um livro na biblioteca da academia que tenha a ver com a área de estudos da minha "besta" e que esteja disponível para requisição.

3 comentários:

  1. Besta mas besta! E que má sorte... Mas olha, faz parte. Eu tenho uma "besta" por fazer.

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  2. Essa "besta" fica mais cara do que sustentar um "burro" (que, bem vistas as coisas, não passa de outra besta) a pão de ló. ahahah

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  3. E eu que te ature. Já não bastava os saldos.

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