Por estes dias fui de fim-de-semana prolongado para o burgo. Pensava eu que ia aproveitar os dias extras, mas estava enganada...
Nem me vou queixar de ter ido a todo o lado e mais algum com a minha mãe e não ter estudado o que tinha programado (isso também é uma chatice, que a tese não se faz sozinha), mas todo o mal fosse esse.
Desde sempre que conheço os meus progenitores "à batatada". Acho que nunca se deram realmente bem, e penso que essa é a razão pela qual, desde criança, venho dizendo que não me vou casar. Tipo nunca. Bem sei que para a coisa "dar para o torto" não é necessário se ter uma anilha no dedo e um contrato de casamento assinado, mas pelo menos a coisa parece-se menos com uma prisão para mim assim.
É um pouco triste, confesso, mas ao cabo de quase 24 anos não vejo sinais de melhora. Pelo contrário, só tem tendência a piorar. Ou a sobrar para mim. Acho que só nestas alturas dou graças por ser filha única: é só um a "levar com tudo" e prefiro que seja eu. Sujeitar mais uma criança àquilo que assisto seria demasiado, e não sei se teria forças para proteger um irmão ou uma irmã.
Chego a pensar que a minha loucura pelos livros não é era só um modo de ultrapassar a solidão, mas também de me proteger da realidade. No meu mundo de fantasia, nada nem ninguém me faria mal ou sentir mal.
Nunca apanhei uma sova daquelas "de criar bicho", como se dizia antigamente. Mas posso afirmar sem pestanejar que não sei o que dói mais: se uma sova, se as coisas que ouvimos daqueles que, supostamente, deveriam querer-nos bem.
Sei que não sou a única a sofrer deste mal. Quando era adolescente cheguei a pensar que a culpa era minha, mas não, a culpa nunca é nossa, é dos adultos que, não tendo ninguém mais fraco para descarregar, fazem-no para cima de nós. E a prova é que podia ter feito tantas coisas estúpidas com a minha vida, e não fiz. Apesar de tudo, ainda acredito com esperança vã que, mesmo assim, ainda é possível que alguma coisa melhore. Se assim não fizer, estou perdida.
Não sei que tipo de mãe vou ser (e hoje até é o dia da mãe - se bem que eu continuo a comemorar em Dezembro), mas sei que tipo de mãe não vou ser. Se há filhos a ler-me, por favor, tentem sempre ser melhores que os vossos pais, mesmo que eles sejam/tenham sido os melhores do mundo. Se há pais a ler-me, por favor, olhem para os vossos filhos duas vezes antes de dizerem o que vos poderá fazer arrepender mais tarde: um filho não se perde na rua, perde-se em casa.
Eu vivi uma infância assim, se é que se pode chamar infância a isto e, tenho a certeza que podia ser um pai e um marido melhor, mas fiz por isso. Não estamos juntos há tantos anos porque ela foi o elo mais fraco e aceitou o fardo. Não, discutimos sempre tudo o que há para discutir, mas ambos somos independentes e só aqui estamos porque queremos estar.
ResponderEliminarÉ difícil sermos pais perfeitos, mas há uma coisa que me ficou na memória dos tempos em que quase me senti culpado de ter nascido: os filhos não pediram para nascer. Por isso nunca lhes devemos passar essa ideia, nem por engano, porque eles vão sentir-se infelizes e um dia nós vamos pagar caro os erros que cometemos. Quanto mais não seja porque a consciência pesa. :\
Sei o que isso é, mas felizmente já passou. E posso dizer que foi por minha culpa. Quando era pequena estava sempre a meter-me em problemas e a fazer m*rda, e os meus pais discutiam, todos os dias por isso. A minha mãe tentava desculpar-me e o meu pai, castigar-me. Quando cresci , "cresci" e as discussões acabaram... Felizmente. Ás vezes ainda têm uns "amuos", mas nada de grave. Só espero que também melhore por esses lados :)
ResponderEliminarBeijoca
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os meus pais sao muito felizes e sempre foram, e tb nao tenho vontade nenhuma de me casar... acho que é tudo para a festa do que necessariamente para a minha felicidade..
ResponderEliminarJS - Obviamente que sei que não vou ser uma mãe perfeita, vou cometer erros toda a minha vida, quer como mãe, quer como filha, como amiga, namorada e por aí fora. Mas há coisas que marcam e magoam, e só podemos desejar não marcar e magoar os nossos filhos de igual forma. E é exactamente isso: nós não pedimos para nascer, nenhum de nós. Mas infelizmente nem todos pensam assim... Não me preocupo com o "quem nos faz mal depois vai pagá-las"... porque isso não depende de mim. Karma is a bitch, tudo o que fazemos, volta.
ResponderEliminarI'm In The Mood For... - Ainda bem que "cresceste" e ainda bem que os problema por aí terminaram. Por aqui as discussões não têm origem em mim, mas sim nos "adultos". Também gostava que a coisa melhorasse por estes lados... vamos ver o que se arranja...
Corina - Fico muito feliz pelos teus pais, e por ti e pelo teu irmão, porque beneficiaram com isso. A felicidade é independente do casamento, sem dúvida. Mas nada te impede de dar uma festarola de "ajuntamento" para celebrar a coisa =)