quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Querem deixar de comparticipar o quê?! Pqp... --'

Para ser sincera, não era bem sobre este assunto que esperava falar hoje, mas depois de ter ouvido a notícia bem de manhãzinha, f*deu-me tão bem o resto do meu dia, que senti que tinha que mandar a coisa cá para fora. Mas onde c*railho foram buscar a ideia peregrina de deixarem de comparticipar pílulas e vacinas?!

Ok, eu sei que nos centros de saúde as pílulas são gratuitas, e acho que as vacinas também, não tenho a certeza. Só que nos estamos a esquecer de uns pequeninos pormenores... Falando das pílulas, vamos ter em conta uns numerozitos: entre o número de mulheres que tomam contraceptivos e aquelas que efectivamente os vão pedir ao centro de saúde, vai uma diferença muito grande. A maior parte delas limitava-se a comprar as pílulas nas farmácias, e agora, como vão deixar de ser comparticipadas, essas mesmas utentes e contribuintes vão cair quase todas nos centros de saúde para as pedir, que isto no que toca a dinheiro está pelas horas da morte. Conclusão: ruptura de stock. Desconfio que para se ter direito a uma caixa que dá para três meses vamos ter que ir para as listas de espera meses...

No meu caso, eu vou buscar a pílula ao IPJ aqui na terrinha, mas a médica que me atendeu da primeira vez que lá fui contou que o Estado está mortinho para fechar aquilo, que passam a vida a cortar nos subsídios e tal. E com estes cortes sucessivos e falta de dinheiro para tudo menos para encher a pança a quem não precisa de todo, estou mesmo a ver o IPJ de Viana a mudar-se de armas e bagagens para a Terra do Nunca, que lá só existem crianças e elas não precisam nem de pílulas nem de preservativos.

E a desculpa que eles dão com as vacinas é o Plano Nacional de Saúde. Para a m*rda com eles, masé. Quando ofereceram as vacinas para o cancro do cólon do útero há uns anitos, ainda eu andava no secundário, esqueceram-se que nasceram meninas antes de 1992, já que só as raparigas que nasceram a partir desse ano foram abrangidas. A par desta vacina, também a do tétano e uma das várias contra a meningite perderam a comparticipação, o que vai fazer com que as pessoas invadam literalmente os centros de saúde para poderem ter direito a elas. Mais uma vez, ruptura de stock. Ou então nem sequer as levam, nem vacinas nem pílulas, porque esgotando a quantidade nos centros de saúde, só os ricos as vão comprar. Se isso acontecer (e já a exagerar um bocadinho, mas uma pessoa tem que pensar em tudo) poderemos estar a falar de um caso de saúde pública e numa ainda maior fragilização das camadas mais carenciadas da nossa sociedade. E numa onda constante de abortos, gravidezes indesejadas, com um previsível retrocesso nas quantidades de uso de contraceptivos.

Sabem o que vos digo sobre isto?! Virei fã do bastonário da Ordem dos Médicos. Não digo que a criação de um imposto sobre o fast food seja a melhor medida a tomar, mas prefiro ver a "comida de plástico" mais cara e carregada de impostos do que os bens de primeira necessidade como o gás, a electricidade, o pão, o leite, o direito à saúde previsto na Constituirão e que alguns c*brões querem tirar de lá, e não só. Se desincentivarmos o consumo de produtos prejudicais à nossa saúde e bem-estar, tabaco, excesso de sal e outras coisas que tais, estaremos a poupar no sector da saúde nas pequenas coisas, já que a maioria dos doentes crónicos vai sempre precisar de cuidados, mas já era qualquer coisa. Era isso, e deixar de providenciar gratuitamente os kits e a metadona para os dependentes de droga (para quem não sabe, isto é totalmente verdade... Um reformado com 250€ é obrigado a deixar quase toda a reforma na farmácia para comprar medicamentos estritamente necessários à sua sobrevivência e deixar de comer, todavia um drogado tem tudo de graça - não lhes queria chamar drogados por achar uma palavra feia, mas é isso mesmo que são).

Deixo-vos aqui uma parte da notícia em que José Manuel Silva fala neste imposto sobre o fast food (que pode ser lido na íntegra aqui):
«"A crise é uma oportunidade para a criação de novos impostos selectivos que contribuam para melhorar a saúde dos portugueses e evitar que consumam medicamentos". (...) Ainda no que respeita a poupanças, e desviando mais uma vez o foco dos cortes na saúde, o bastonário deixou um recado ao Governo quando lembrou que o "fundamental" para o país é "alterar a cultura de governação". Qual foi a verdadeira doença que conduziu o país à bancarrota? A fraude, a corrupção, o enriquecimento ilícito, o nepotismo, a injustiça fiscal, a ausência de um Estado de Direito com um sistema judicial eficaz, a inimputabilidade dos dirigentes políticos e o peso da máquina do Estado", afirmou. Por isso, considera que não basta cortar em alguns sectores da despesa pública, mas que é "primordial e obrigatório que a faustosa máquina do Estado faça dieta e seja reestruturada".»

Algo que eu nunca poderei entender é o facto de em qualquer país da Europa civilizada com o qual nos gostamos de comparar, qualquer responsável social e/ou político que seja o causador da bancarrota e despotismo desse mesmo país vai parar ao xadrez e é responsabilizado pela bodega que executou nos seus anos de governação. Em Portugal esses mesmos indivíduos fogem para França, alegadamente para frequentarem um curso superior (o primeiro legítimo... ou talvez nem isso). Enquanto isso, o povo que pague os seus erros com impostos absurdos e a pagar uma crise que, para além de financeira, é sobre tudo uma crise de valores e recursos humanos. Com isto, estamos a promover um retrocesso nas quantidades de uso de contraceptivos, e o aumento de abortos deliberados e de gravidezes indesejadas, o que elevará os custos da saúde pública.

4 comentários:

  1. Eles haveram de cortar em tudo e meter tudo mais caro... excepto o golfe... tenho de começar a jogar golfe... aparentemente é um jogo de massas
    --'

    Não tenho nenhuma para ti mas posso fazer mais depois sim? ^^

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  2. Sim, quero compotinha de maçã! ^^
    Para mim, o golfe é um jogo de paneleiros... Já viste aquelas roupinhas e os tiques?! Me-do --'

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  3. "ideia peregrina", disseste bem. ou "ideia medieval", sei lá eu como chamar. Está bonito está, ou melhor, está cada vez pior, e logo na Saúde que é uma área que nunca se deve pôr como "não" prioritário, quer na nossa vida pessoal quer nas decisões do Estado.

    " Enquanto isso, o povo que pague os seus erros com impostos absurdos e a pagar uma crise que, para além de financeira, é sobre tudo uma crise de valores e recursos humanos. " - bem dito.

    Agora, que é ironico, no meio disto tudo, que aumentem o preço da "comida rápida" e tenham a saúde uma justificação... melhor, ironico não, mas ridiculo.

    Acho que este é dos meus posts preferidos até agora que já escreveste.

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  4. Sim, ideia medieval, sem dúvida. A ideia é as pessoas protegerem-se ou tornar o aborto um anticonceptivo? Provavelmente rendia mais dinheiro se assim fosse... Quanto às vacinas e aos medicamentos para asmáticos (não sabia que também queriam cortar aí), estamos a dar numa de Darwins e seleccionar não os mais fortes, mas sim os mais abastados? Que vergonha...

    PS.: Obrigada pelo support mori ^^

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