Ultimamente tenho dedicado algum do meu pouco tempo disponível aos livros. Não estou a falar dos manuais da universidade, porque eles já me têm dado muito que fazer e vão continuar a dar durante algum tempo ainda. Estou a falar dos "livros a sério".
Comecei a dedicar-me à leitura há alguns anos, aliás, esta minha relação com os livros já me acompanha por metade da minha vida. Enquanto hoje vasculhava as minhas estantes, descobri as duas narrativas que me fizeram amar ler e querer sempre mais um amigo-livro: A Lua de Joana e O Guarda da Praia, ambos de Maria Teresa Maia Gonzalez. Devia ter uns 11 ou 12 anos quando os li, naquele verão de férias de 2001, e agora com 22 sei que mudaram a minha vida.
O primeiro fala-nos da droga, de pais ausentes, de ser importante estarmos atentos a nós e aos outros, dos outros estarem atentos a si e a nós, de revolta, de perdão. Acima de tudo, acho que é uma história de solidão. Identifiquei-me muito com a Joana quando o li, por ser filha única, por não ter grande atenção de ninguém, por ter uma avó que sempre foi um pilar na minha vida. O segundo é sobre descoberta, sobre o mar, sobre uma viagem ao mais fundo de nós mesmos, sobre sonhos, sobre amizade descomprometida e com um fim anunciado pela distância, que permanece longe da vista e perto no coração. Queria ser como a "Concha", ir para um lugar longe, novo e desconhecido, e viver quase uma outra vida.
Ambos me fizeram rir, e ambos me fizeram chorar. Os livros são uma forma de viajar e viver mil vidas. Acho que foram também estas narrativas que me fizeram querer um dia contar as minhas histórias. A escrita da autora é simples e fluída, com poucos mistérios e que toca bem cá dentro. Recomendo a toda a gente que quer crescer ou que já cresceu.
"Acabou de ler e, quando ia pousar as folhas sobre a cama, a mulher abriu a porta do quarto.
- Que é isso? - perguntou baixinho, a medo, como se não quisesse saber a respostas.
- Que é isso? - perguntou baixinho, a medo, como se não quisesse saber a respostas.
- São cartas... da Joana. (...)
Desapertou a correia do relógio e pousou-o devagar sobre a mesinha. Agora, tinha todo o tempo do mundo. Para quê?"
in A Lua de Joana
"Querida concha:
No mar existem muitas conchas. Umas bonitas e boas, e outras más e feias.
Procurei as conchas boas, e não as encontrei. Estavam partidas ou riscadas. Cortavam.
Até que, um dia, a maré trouxe até mim uma concha. Colorida e transparente. Essa concha abriu-se e eu sentei-me lá dentro. Para sempre."
in O Guarda da Praia
Só conheço a Lua de Joana, mas nunca li.
ResponderEliminarÉ do tipo de "os filhos da droga"??
XL - Não conheço esse outro livro, mas penso que são do mesmo género.
ResponderEliminarEu li a Lua de Joana.
ResponderEliminarAcho que é típico ler-se esse livro na adolescência!
Xs - Sim, acho que é um tanto ou quanto inevitável =)
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