Existe uma lenda, que vai passando de geração em geração, através da tradição oral, sobre el-Rei D. Sebastião. Não, não é aquela treta do nevoeiro. Vamos ser sinceros: quem é que se ia lembrar de uma coisa dessas sem pés nem cabeça? A história, que estou prestes a contar-vos, essa sim, tem fundo de verdade, e vai para além de qualquer contestação.
Ora, certo dia, o pequeno el-Rei D. Sebastião foi obrigado a comer sopa. Afinal, ainda era um pirralho birrento e, como tantos outros, bateu o pé, dizendo que não queria comer.
*Reprodução histórica extremamente fiel*
- Eu sou o Rei! - dizia, indignado. Muito obviamente, não lhe adiantou de nada.
- Se ainda considerasses a possibilidade de casar... - respondia-lhe o seu tio, o Cardeal D. Henrique. - Andas só com ideias de guerras e fazer espetada de Mouro. Queres deitar tudo a perder e deixar o trono ao babão do teu primo Filipe?!
Era verdade, Filipe babava-se imenso. Sobretudo, quando se lhe falava do Reino de Portugal. E também usava óculos. Na verdade, era um moço muito esquisito...
- Cala-te aí ó pilantra velho! A minha avó, D. Catarina, disse-me que, em breve, farei 14 anos e serei adulto. Não poderás mandar mais em mim, nem me obrigar a comer sopa.
E, de facto, assim sucedeu. D. Sebastião foi declarado maior, com 14 anos. Sendo fervoroso adolescente e, afinal, el-Rei de Portugal, nunca mais comeu sopa. Para além disso, não dispensou tempo com belas (ou feias) donzelas, que eram umas snobs. Pitas adolescentes com sangue azul era coisa do demo, quase tão abomináveis como a sopa. Por isso, quis lançar-se no nobre negócio que é a guerra e fazer espetada de Mouro.
Como todos sabemos, a coisa não lhe saiu muito bem. Quando a Morte vinha ter com D. Sebastião, no campo de batalha de Alcácer Quibir, apareceu-lhe, porém, na memória, a imagem de seu tio, a empurrar o Ceifeiro para o lado, que tropeçou nas vestes e trespassou um Mouro com a foice, por engano. O Cardeal D. Henrique dizia, em voz grave, então: "Bem te disse que melhor ficavas aqui, a comer a tua sopinha! Agora o babão do teu primo vai ficar com esta porra toda!" e, num último suspiro, D. Sebastião amaldiçoou todos aqueles que gostavam de sopa, especialmente os caixa-de-óculos como o seu primo Filipe.
E é assim que, ainda hoje, todos os "quatro-olhos" passam as passas do Algarve para conseguir comer a sua sopinha em paz e sossego. Primeiro, é aquela névoa sobrenatural que não os deixa ver nadinha desta vida à frente. Depois, são os salpicos de sopa nas lentes dos óculos que, para além de irritarem como o diabo, enchem as lentes de gordura e que é o cabo dos trabalhos para limpar. Muitos são os que padecem deste mal. Tipo eu. Especialmente, em relação aos salpicos. Conseguir comer um prato de sopa sem pintalgar os meus óculos, é coisa que não me assiste. Acontece sempre. Há maldições que são do arco-da-velha, especialmente, de pirralhos adolescentes com a mania que são gente, só porque têm um coroa na cabeça.
- Se ainda considerasses a possibilidade de casar... - respondia-lhe o seu tio, o Cardeal D. Henrique. - Andas só com ideias de guerras e fazer espetada de Mouro. Queres deitar tudo a perder e deixar o trono ao babão do teu primo Filipe?!
Era verdade, Filipe babava-se imenso. Sobretudo, quando se lhe falava do Reino de Portugal. E também usava óculos. Na verdade, era um moço muito esquisito...
- Cala-te aí ó pilantra velho! A minha avó, D. Catarina, disse-me que, em breve, farei 14 anos e serei adulto. Não poderás mandar mais em mim, nem me obrigar a comer sopa.
E, de facto, assim sucedeu. D. Sebastião foi declarado maior, com 14 anos. Sendo fervoroso adolescente e, afinal, el-Rei de Portugal, nunca mais comeu sopa. Para além disso, não dispensou tempo com belas (ou feias) donzelas, que eram umas snobs. Pitas adolescentes com sangue azul era coisa do demo, quase tão abomináveis como a sopa. Por isso, quis lançar-se no nobre negócio que é a guerra e fazer espetada de Mouro.
Como todos sabemos, a coisa não lhe saiu muito bem. Quando a Morte vinha ter com D. Sebastião, no campo de batalha de Alcácer Quibir, apareceu-lhe, porém, na memória, a imagem de seu tio, a empurrar o Ceifeiro para o lado, que tropeçou nas vestes e trespassou um Mouro com a foice, por engano. O Cardeal D. Henrique dizia, em voz grave, então: "Bem te disse que melhor ficavas aqui, a comer a tua sopinha! Agora o babão do teu primo vai ficar com esta porra toda!" e, num último suspiro, D. Sebastião amaldiçoou todos aqueles que gostavam de sopa, especialmente os caixa-de-óculos como o seu primo Filipe.
E é assim que, ainda hoje, todos os "quatro-olhos" passam as passas do Algarve para conseguir comer a sua sopinha em paz e sossego. Primeiro, é aquela névoa sobrenatural que não os deixa ver nadinha desta vida à frente. Depois, são os salpicos de sopa nas lentes dos óculos que, para além de irritarem como o diabo, enchem as lentes de gordura e que é o cabo dos trabalhos para limpar. Muitos são os que padecem deste mal. Tipo eu. Especialmente, em relação aos salpicos. Conseguir comer um prato de sopa sem pintalgar os meus óculos, é coisa que não me assiste. Acontece sempre. Há maldições que são do arco-da-velha, especialmente, de pirralhos adolescentes com a mania que são gente, só porque têm um coroa na cabeça.
Também se conta uma história acerca do D. Sebastianito.
ResponderEliminarDizia a mãe:
Sebastião, se não comes a sopa, levas no cu.
E ele decidiu nunca mais comer sopa. lol
Não uso óculos, ainda =P E adoro comer sopa, se for daquela que a minha avó faz gosto ainda mais. Se algum dia tiver de vir a usar óculos acho que não vou comer sopa sem os tirar =P Obrigado pela lição u.u
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