quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Pew pew!

Eu nunca tive uma arma de brincar.

Houve muita coisa de brincar que eu nunca tive. Pedi imensos jogos de tabuleiro que não recebi, com a desculpa que os iria simplesmente arrumar num canto, porque, na verdade, ninguém estava interessado em jogar comigo; pedi carrinhos telecomandados, os quais ainda estou à espera de ter; desejei alguns brinquedos variados que, eventualmente, percebi que, caso os pedisse, receberia em troca um singelo e redondo não, os quais passei a desejar em silêncio.

As armas nunca me atraíram muito, expecto talvez as espadas. Mas tal como os carrinhos telecomandados, isso eram brinquedos de rapaz, e não tinha jeito nenhum uma menina brincar com coisas dessas. Se tinha bonecas, que brincasse com elas. Confesso que essa segregação sempre me foi difícil de entender. A infância é a idade da imaginação, de inventar aventuras, que experimentar todas as possibilidades, ainda que com objectos de plástico. Talvez se um rapaz brincar com uma boneca ou um ferro de engomar, perceba desde cedo que o cuidar das crianças e fazer tarefas domésticas não é um ataque à sua futura masculinidade ou o diminua como pessoa, e que, um dia mais tarde, serão actividades que farão parte de uma rotina doméstica saudável, em que todos dividem as tarefas da casa. Talvez se uma menina brincar com ferramentas e espadas, perceba que, quando crescer, poderá ser o que quiser, que não há profissões para homens e outras para mulheres, que pode ser tão forte quanto o desejar, e que se vestir umas calças e um camisolão de capucho, não será menos mulher do que aquelas que usam vestido e sapatinhos de verniz.

Agora tenho uma pistola de brincar. Comprei-a como acessório de um futuro cosplay que estou "a montar" (não sei se o levarei à Comic Con, mas já estou a preparar o fato de qualquer maneira. E não, infelizmente, não é o de Leia). Curiosamente, segurar uma arma não é bem aquilo que eu pensava ser, mesmo que seja de plástico. Talvez a ideia das armas de brincar seja mesmo experimentar todas as possibilidades: aquelas que escolhemos seguir, e aquelas que escolhemos não seguir. Ainda assim, a descoberta de, aos 25 anos, poder fazer mira e tentar acertar com as setas com ventosas no vidro ou na testa do Moço, é uma sensação completamente nova. E ter que fugir das emboscadas também. E fazem um bom pandan com as minhas orelhas de gatos, que comprei ontem (não são para nenhum cosplay, mas sempre quis ter umas =P ).

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Eu quero a sorte de um cartoon

No dia 28 de Outubro de 1892, Charles-Émile Reynaud projectou, pela primeira vez na História, imagens animadas para uma audiência. Nessa data, no Museu Grevin, em Paris, o mundo viu Pauvre Pierrot

Por isso, este foi o dia escolhido para se comemorar o Dia Internacional da Animação.


Eu cá, adoro desenhos animados. Posso dizer que nunca deixei de o fazer. Porque, não posso negar, que gosto mesmo de animação. Bem sei que com os cada vez mais avançados efeitos especiais dos filmes, quase tudo é possível. Mas na animação nada é impossível. Talvez porque, desde muito cedo, as regras da lógica deixam de ter sentido nos desenhos animados. É um meio mais natural para acontecer qualquer coisa, mesmo que tremendamente inverosímil. É uma arte onde a imaginação e a magia não têm limites.

Depois, claro, é uma forma de voltar à infância, àquela época em que tudo era simples, e mesmo ante um obstáculo ou uma "coisa má", bastava um passo de magia e a determinação do Son Goku, para que tudo voltasse a ficar bem. E de nos lembrar-mos de muitas lições importantes que, ainda que na altura não tenhamos percebido totalmente, ficou lá no fundo da nossa menta, à espera do momento certo para despertar.

 

Sou do tempo dos clássicos da Disney, como A Bela e o Monstro ou A Pequena Sereia. Sou do tempo dos animes que revolucionaram o mercado/conceito de animação em Portugal, como o Rurouni Kenshin (Samurai X), Sailor Moon e Dragon Ball, sem que me tivesse atirado de um muro abaixo. Ainda sou do tempo de alguma animação norte americana, sempre acompanhada de músicas de rock, como o Mighty MaxBiker Mice from Mars (Motorratos de Marte). E claro, dos eternos Mickey Mouse ou das travessuras do Tom & Jerry. É certo que também gosto de animação mais recente, mas a que nos devolve à infância é aquela que fica sempre connosco.

 

E vocês? Quais foram os super desenhos animados que mais rapidamente vos remetem para aquelas tardes sem aulas (sim, também sou do tempo em que a escola era só de manhã!), cheias de magia e expectativa para saber o que ia acontecer no episódio seguinte?!

        Vão lá dar uma olhadela à música dos Azeitonas.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O mistério das chaves

Isto dito assim, até parece uma coisa muito importante, retirado do último livro do Dan Brown. Se estão à espera de abre-olhos e rebarbanço sobre alguma seita religiosa, esqueçam. É só mais uma daquelas peripécias que só acontecem por Covil City.

Há cerca de duas semanas, as chaves de casa do Moço desapareceram. Procuramos o estupor da casa toda: foi no meio das almofadas do sofá, foi debaixo de todos os móveis, na casa de banho, na varanda, no cesto da roupa suja... eu sei lá! Não havia explicação. As benditas das chaves tinham-se simplesmente esfumado. Por isso, tive que deixar as minhas chaves ao Moço durante o fim-de-semana em que fui à terrinha. Quando voltei, estive a limpar o Covil, e aproveitei para voltar a procurar "as desaparecidas". Se permanecessem em parte incerta, teríamos que trocar o canhão da fechadura, uma vez que não sabíamos onde estas estariam perdidas.

Já tinha perdido as esperanças de encontrar as chaves e, resignada, dediquei-me a fazer outras coisas. Entretanto, e depois de encher a pança ao jantar, fui colocar a loiça suja em cima da banca. Lá no canto, estavam uns tupperwares que tinham ficado a secar. Ao pegar na tampa de um para arrumar e ter espaço para "a nova loiça"... pam pam pam!, lá estavam o raio das chaves, todas descançadinhas. A situação foi tão ridícula que nem consegui rir. Elas estiveram sempre ali, mesmo debaixo dos nossos narizes, e no único sítio onde não procuramos: no meio da loiça lavada.

A experiência ensina-nos. Sempre que perderem as chaves de casa, já sabem: procurem algures na prateleira da loiça, especialmente se ela não for inanimada; começo a achar que ganha vida quando não estou a ver, estilo Mrs. Potts e companhia. E esconde chaves.

domingo, 25 de outubro de 2015

Escrutinando os sufrágios


As eleições foram, precisamente, há três semanas atrás. Descansem, não vou perder tempo com politiquices. Mas como o assunto vai de mal a pior e até já cheira mal, e como até estive "por lá", vou-me virar para um registo mais ao meu estilo: a linda e misteriosa arte da palhaceira. Para além de cumprir o meu dever cívico de ir votar, independentemente do local onde pus a minha cruzinha, estive a trabalhar nas mesas. Sim, os 50 paus pesaram na escolha, apesar de não pagar o trabalho que temos. Não foi a primeira vez que fui e, como podem imaginar, para quem já anda nestas andanças há alguns anos, há sempre cenas que vale a pena relatar.

As votações na minha zona (agora já não se pode dizer "freguesia", porque é uma "união", blá blá blá) foi numa escola primária (não a que eu frequentei). A primeira coisa em que reparei, depois de chegar à sala onde estava a mesa que me tinha sido destacada, foi que esta estava forrada a posters com coisas para os miúdos. E o meu olhar parou, automaticamente, naquele que ensinava os substantivos e ao qual tirei uma foto extremamente tosca enquanto não começava a montar o estaminé.


Eu não sei quanto a vocês, mas talvez os mais velhos tenham, como eu, associado o poster acima às imagens dos livros da primária dos tempos da ditadura (eu tenho boa memória para imagens e papelada). Casa, trabalho, religião. Senti uns tremeliques na tripa. Claro que a canalha não entende estas mensagens subliminares, mas parece-me um pouco ridículo que, indirectamente, se lhes esteja a incutir que "gente" é aquela que tem "fé" e entra numa casa religiosa encimada por uma cruz. Mas eu sou um pouco conflituosa, por isso, pode ser só dos meus olhos.

Outra coisa que salta à vista, é a maneira como as pessoas se vestem. Sim, típico comentário de gaja. A maioria vai com qualquer coisa, como se se vestisse para um dia normal (bem vistas as coisas, os dias de eleições não são "super"), mas há sempre: 1) aqueles que aproveitam a corridinha do dia para fazer a sua cruzinha; 2) aqueles que se veste como se fosse para um jantar real. E são estes últimos que me fazem mais confusão. Não estou a falar do casal que apanhei que foi votar depois de um casamento (notava-se tão bem! Teve piada, confesso), mas daqueles que olham para nós como se a roupa que têm os defina como a última bolacha do pacote.

Mas a melhor de todas, ou pior, foi mesmo aqueles seres que pareciam nunca ter votado na vida (sem contar com a trintona muito simpática, com ar meio betinho, mas totalmente deslocada das ideias, cujo marido, igualmente simpático e meio betinho, desculpou a ignorância da sua senhora na coisa, porque ela nunca tinha ido, efectivamente, votar). Fiquei numa das últimas mesas, onde normalmente votam os mais novos que, ou nunca votaram porque nunca se deram a esse trabalho, ou porque nunca tiveram idade para o fazer, e os que se mudaram para a "zona" há pouco tempo. Aos primeiros, até dou meia desculpa, e somente "meia" porque, por um lado, tinham obrigação de ser ter informado antes, e por outro, os pais podiam ter mais cuidado em avisá-los, não é só dar-lhes dinheiro para sair à noite e dizer-lhes onde fazer a cruzinha. Mas o que me irritou mais foi aquele pessoal que já tem idade para saber "o que a casa gasta" e, mesmo assim, parece lorpa, ou tenta fazer quem está a trabalhar nas meses um lorpa.

Situação 1:
Presidente da mesa - Bom dia, tem o seu cartão?
Cidadão Y - O meu número de eleitor é XXXX
Presi - Sim, mas eu preciso de um documento de identificação, como o cartão de cidadão.
Cidadão Y - Mas é mesmo preciso?

Situação 2:
Presi - Bom dia, tem o seu cartão?
Cidadão H - Não. Eu da última vez votei aqui.
Presi - Pois, mas as listas vão mudando. Sabe o seu número?
Cidadão H - Não.
Presi - Então faça o favor de ir ali àquela salinha, que tem lá uma funcionária que lho vai dizer.

Situação 3:
Cidadão Q - Menina, o meu número de eleitor é este *mostra cartão/mensagem de telemóvel*. Onde é que voto?
Eu - Tem que ver nas listas que estão afixadas lá fora, que tem a correspondência entre os números de eleitor e as mesas.

Situação 4:
Presi - Bom dia, tem o seu cartão?
Cidadão J - O meu nome é XXXXXX
Preso - Sim, mas preciso do seu número de eleitor, e do seu cartão de cidadão, já agora.
Cidadão J - Não consegue encontrar isso com o meu nome?

As situações acima descritas são verídicas. Parece impossível, mas são. De todo o modo, quando o tasco fechou, rapidamente se contou, organizou e lacrou tudo o que era votos e papelada nos seus devidos lugares. Tivemos mais votos do que o normal e esperado, mas ainda bem que assim foi. E a equipa era boa, por isso, não houve problemas. Agora, vamos lá ver no que isto dá... Acho que o Calvin é que devia ser Presi desta "zona". Fazia mais sentido, o "piqueno". Ou o Batman.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Os salteadores das couves fugidas

Por falar em hortas, há uns dias aconteceu uma coisa demasiado estúpida para ficar no segredo dos deuses.

Cheguei a casa depois do trabalho e decidi executar uma das tarefas domésticas que me foi adjudicada: dar de beber às couves, à salsa e às alfaces que estão plantadas em garrafões de água e que repousam na varanda. Estamos a pensar aumentar a variedade de leguminosas da nossa horta, talvez tenhamos tubérculos também, mas ainda estamos a estudar quais as próximas aquisições. É quase como o mercado de transferências do futebol.

Lá fui eu toda afoita à varanda e... sem que nada o fizesse prever, as couves tinham desaparecido. Voltei a entrar em casa, e olhei para o chão ao lado da banca da cozinha, na esperança de ver lá as couves. Nada. Voltei a ir à varanda, para verificar se, por algum acontecimento inexplicável da natureza, tivesse passado pelas ditas e não as tivesse visto. Nada. O meu primeiro pensamento foi: roubaram-nos as couves. Sendo que o Covil se situa num terceiro andar, é perfeitamente racional que nos tivesses assaltado a varanda... pois. Descartei no mesmo instante a ideia, mas a que lhe seguiu não foi melhor: entraram em casa e roubaram-nos as couves. Sim de TUDO o que haveria para saquear, tinham, justamente, levado as couves... pois. Aí, num momento de epifania, pensei: estão na casa de banho. Não me perguntei porque razão tive esta terceira ideia perfeitamente plausível, porque não faço ideia de onde saiu. Muito obviamente, as couves não estavam na casa de banho.

Parei para pensar, na verdadeira acepção da palavra. As couves tinham que estar em algum lugar, excepto se tivessem transformado as raízes em pequenas perninas, e tivesse saído pelo próprio pé (hahahha, não resisti). E então, percebi o que tinha acontecido: o Moço colocou-as no tanque que existe na varanda, provavelmente por causa do escoamento das águas da rega, que se espalha pela varanda fora sempre que lhes damos de beber.

Acho que, com esta breve explicação, está mais que patente que estou com alguma coisa perto do esgotamento nervoso. Mas não se riam tudo já. Deixem alguma pândega para quando vos contar o episódio das chaves do Moço. Acho que o Indiana Jones descobria mais rapidamente o Graal do que o estupor das chaves.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

This is heavy

Hoje é um dia muito esperado por todos os grandes e pequenos nerds: o dia em que o Marty McFly vem ao futuro, acompanhado do seu amigo e inventor maluco Emmett "Doc" Brown, e da sua namorada Jennifer Parker.


Mesmo não tendo feito parte da geração dos filmes do Regresso ao Futuro (mas por pouco!=P ), como não gostar de uma história sobre viagens no tempo? E se realmente o Marty tivesse conseguido viajar no tempo? Hoje teríamos essa confirmação =P Se eu tivesse feito parte da sua geração, teria esperado veemente por este dia.

A imaginação é uma parte do processo que permite o progresso da ciência.

É extremamente curioso que há muitos profissionais das engenharias e afins demasiado demagogos. A matemática, bem sei, é a ciência exacta por excelência, que está em tudo. Mas perceber que, por isso, rejeitam teorias "menos lógicas", é um tremendo absurdo. Se não fosse a imaginação de muitos, a evolução científica teria parado no tempo, e imensas descobertas ainda estariam "encobertas". Aquilo que hoje não tem solução, poderá tê-lo, um dia que se descubra uma outra lógica para se ver um problema. Como, por exemplo, se inventar um skate que paira no ar.

Por isso, hoje no Covil, vamos ver o Regresso ao Futuro II, para festejar. Não sei muito bem o que vamos festejar, mas vamos. Estes dias já revimos o primeiro filme da trilogia, e depois vamos ver o último, para fazer o pleno. Se ainda não viram nenhum, têm aqui três filmes para passar umas horinhas relaxadas e comer um bom balde de pipocas.

Fixe mesmo, era passar na rua por um Marty McFly, com o seu colete vermelho e Ray Ban espelhados. De preferência, a sair de um DeLorean.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Patience

Não sou dada a socialidades. Não gosto muito de pessoas, nem sei muito bem lidar com elas. Não sei se o problema é meu, se do facto de ter sido criada, filha única, dentro de casa, longe de tudo e todos, e sem que houvesse vivalma que me impulsionasse a me relacionar com os demais. Era em casa que devia estar, e pronto. Relações sociais? Coisa desnecessária.

Agora que saí para o mundo, vivo a minha vida e relaciono-me com algumas pessoas (até porque a profissão obriga). Mas continuo sem saber muito bem como fazer isso.

De todo o modo, começo a achar que as outras pessoas também não estão muito interessadas em relações sociais ou qualquer coisa do género (nem sei que lhe chamar, mesmo). Cada um vive demasiado centrado na sua própria vida, no eu individual ao invés do eu social, cuja acções, de uma forma ou de outra, acabam por interferir em muitos outros eus. As pessoas são, inadvertidamente, egoístas (e não são só os filhos únicos).

E é este o ponto fulcral. As pessoas pedem ajuda mas, lá no fundo, não querem ser ajudadas. Há uma cultura do desespero, do deixar andar até não poder mais, dos radicalismos, do não querer saber que consequências as suas acções têm. Se alguém tem um problema, bem... não sei muito bem qual é o meu papel e o que é suposto dizer. Daí que tento sempre racionalizar e relativizar a situação, caso a caso. Mesmo que seja um problema demasiado próximo, o meu instinto diz-me, inconscientemente, que me tenho que distanciar e olhar o problema de fora. Arranjar soluções. Mas o verdadeiro problema não é esse: são as pessoas. Nenhuma solução é boa, nenhum remédio vale a pena, e se temos a triste ideia de tentar fazê-las perceber que a opção que tomaram  (ou a falta dela) só irá piorar a situação, sentem-se ofendidas. Se não estás por mim, estás contra mim. É só isso que querem ouvir. Nada de soluções, nada de racionalizações, nada de contradições. Só querem ouvir um ámen e pronto, siga para a frente, ou siga para lado nenhum que tentar resolver os problemas é coisa que não vale a pena.

Einstein dizia que havia apenas duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana. E quanto ao primeiro, ainda tinha as suas dúvidas.

Não sei porque ainda me preocupo. Sim, preocupo-me. E faço-o porque as pessoas envolvidas são-me próximas. Porque, no final, quem vai acabar por ver as acções dos demais interferir na sua vida, sou eu. Há coisas que não se escolhem. Há aqueles que têm na família um pilar, mas também há aqueles que só têm uma fonte interminável de problemas. Eu faço parte do segundo grupo. E a verdade, é que, às vezes, fico cansada. Há fardos que os filhos não pediram, mas que acabam por cair nos seus ombros. Eu, infelizmente, não tenho com quem os partilhar.

E é assim, novamente sozinha e sem saber como lidar com as pessoas, que me vejo. Vou ali dar de beber às couves e já venho. Entre a horta e as pessoas, escolho a horta. Dá menos trabalho e magoa menos. E tentar ter paciência (Patience - Guns'n'Roses).

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Doce

Ontem ao jantar, pela primeira vez na vida, provei vinho doce que deram ao Moço e ele trouxe para mim. Mais concretamente, é vinho acabadinho de fazer, mas ainda sem fermentar, o que o torna apenas sumo de uva em fase de transição para milagre, ou seja, vinho efectivamente.

Proveio-o ainda estava a descongelar, por isso, demasiado frio para ser apreciado. Mas era bom e docinho. E tinha bolhinhas que "comichavam" na boca. Hoje ao almoço voltei a provar, agora a uma temperatura mais recomendada, mas já se notava que o processo de fermentação já tinha começado. Lá "bem no fundo", já se sentia um pequenino travor a álcool. É pena, que eu até gostei da versão sumo de uva.

No entanto, não deixa de ser curioso que, mesmo na falta de uma experiência alcoólica, só tenha dito disparates na hora de ir dormir. Não sei explicar, deve ter sido psicológico. Tudo o que me vinha à cabeça me dava vontade de rir. O resultado foi o Moço me chamar de vibrador (porque quando me rio, começo a tremer muito sem largar um pio, e depois, quando já estou a chorar, rebento em gargalhadas que mais parece choro - a ver se os vizinhos não chamam a polícia um dia destes...! =P ) e de replicar, muito seriamente: nunca mais te dou vinho.

E pronto, é isto que eu tenho que ouvir =P

sábado, 10 de outubro de 2015

Fun-not-so-much

Odeio ir às compras. De qualquer tipo. Neste momento, alguns de vocês estão a pensar o seguinte: "O que? uma gaja que não gosta de ir às compras? Não pode ser... não acredito!". E a questão é: eu alguma vez vos menti? Pois, a verdade é que não gosto nada de ir às compras e hoje tive que me lembrar disso mais uma vez.

Pois bem, à hora do pequeno-almoço reparamos que precisávamos de comprar algumas coisas que foram acabando. Daí que fomos ao hipermercado. O qual estava, por estranho que pareça, apinhado de criaturas a um sábado de manhã. E era o pessoal parado no meio do nada, outros que quase atropelavam toda a gente porque queriam passar primeiro, as cotoveladas nos apertados corredores e, a minha favorita, a corrida para a caixa. O Moço, sem querer, quase passou com o carrinho por cima de uma criatura que, do nada, se meteu na frente dele, toda lambona, para se enfaixar numa caixa. Deu-me mesmo vontade de lhe dar uma trombada com o carrinho, para ver se aprendia...

Senhores, as pessoas são mesmo horríveis.

Mesmo quando é para comprar roupa, sinto-me uma "gaja atormentada". Primeiro, é a confusão: o gado que não se mexe e fica, como nos corredores dos hipermercados, parado no meio do pasto a olhar bovinamente para todo o lado ou para o telemóvel ou mesmo a conversar com alguém. Depois, quase todas as lojas têm o ar condicionado regulado para "inferno", o que faz com que me sinta mal com facilidade. Ainda, há o facto de eu, raramente, encontrar alguma peça de roupa que goste. Finalmente, aquelas que gosto são, em normal, estupidamente caras. Tudo isso aliado faz com que a Nightiwsha Maria volte para casa de mãos vazias e de trombas. Ao menos não gasto dinheiro.

Por isso, cada vez mais estou a optar por fazer pesquisa em casa, nos sites das lojas. Pelo menos, aquelas que os têm. Assim, vejo o que há e o que me agrada e, caso queria adquirir alguma peça, chego à loja, procuro ou pergunto a um funcionário, experimento, e decido se levo ou não. Penso com muita mais calma e só perco o tempo estritamente necessário. Claro que a Primark, onde se vão encontrando peças da Marvel, DC ou Disney, não dá essa opção... --'

Vou ali ver umas coisas e já venho! =P

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Lunetas =P

Parece que hoje é o dia mundial da visão. E, segundo a Radio Comercial, "o dia das pessoas que usam óculos" =P Pode ser um dia diferente para os outros, mas para mim é só mais um dia em que tenho que os usar!

Tenho as minhas "lunetas" há 12 anos... eh pah, já foi há tanto tempo?! Na altura foram precisos uns dois anos para convencer o chefe do orçamento de estado lá de casa que tinha que abrir os cordões à bolsa, uma vez que eu já não via "a ponta de um corno", citando o oftalmologista que me examinou.

Foi um filme para me mentalizar que ia ter que usar óculos para o resto da vida, especialmente para uma adolescente. Maior filme ainda foi escolher uma armação que gostasse, vulgo, que não achasse horrível. Acabei por, ao cabo de umas duas horas em que a funcionária da óptica quase desesperou, optar pela última tentativa de compra: uma armação de homem, fina, preta, a coisinha mais simples que a loja tinha. Não sei porque razão a mulher não percebeu logo o que eu queria, mas talvez estivesse em vista um negócio que lhe seria mais lucrativo.

Uma coisa é certa: a armação era das boas. Ainda a tenho, pelo menos uma parte. Há coisa de uns quatro anos, a mola de uma das hastes partiu, e tive que mudar as duas, para não parecer esquizofrénica, com as duas haste dos óculos diferentes. Não são iguais às originais, mas são extremamente parecidas. A armação que segura as lentes, que foram mudadas em duas ocasiões, é efectivamente a original.

Posso dizer que demorei anos a me habituar a ter uns ferrinhos à volta dos olhos... mas é estranho constatar que, agora, já não tiro os óculos para pousar para as fotografias, porque já não "me (re)vejo" sem eles. Alguns até acham que usar óculos é chic e dá um ar mais intelectual, e os usam apenas por estilo, sem qualquer graduação. É uma opção, bem sei, mas não entendo, talvez porque essas pessoas também não entendem a sorte que têm quando, ocorrendo uma das situações descritas abaixo, poderem sempre pousar as "lunetas" num canto qualquer, sem medo que se partam, porque vão sempre ver tudo às mil maravilhas:
  1. Rapidamente percebes que ver tv de "ladeques" no sofá não é algo possível;
  2. Vais tomar banho, começas o "teu ritual" e, de repente, fica tudo estranhamente enevoado, que até parece que D. Sebastião está prestes a voltar à Pátria;
  3. Deitas-te, passado um pouco viras-te de lado, e sentes uma coisa estranha na fuça;
  4. Queres coçar um olho, e deixas a tua impressão digital numa lente, sem contar que, com a força, quase a metias dentro do referido olho;
  5. Usar óculos de sol não graduados (e claramente mais baratos), mais cedo ou mais tarde, deixa de ser uma opção;
  6. Igualmente, mais tarde ou mais cedo, vais perceber que nem ir "à casinha" podes sem levar os óculos postos, sem achares que o mundo te vai fugir;
  7. Se acontece algum "pequeno desastre", e tens que mandar reparar/comprar outros óculos, e tens que andar uns dias, ou apenas umas meras horas, sem eles, tudo se torna difícil. Percebes que nem a tarefa mais simples consegues fazer, e tens que depender de outros, para isso (quando a graduação é substancial);
  8. Não podes sair de casa sem óculos, por isso, quando não te lembras onde os deixaste ontem à noite quando o sono já pesava valente, parece que está a ocorrer um cataclismo natural (sem prescindir, ver ponto 6);
  9. No inverso, quando entras em casa, numa loja com ar condicionado ou quando bebes um café, D. Sebastião volta a emprestar-te a sua névoa.
Mas nem tudo é mau. O Moço gosta de mim assim, mesmo "caixa de óculos" e tudo ^^

sábado, 3 de outubro de 2015

Princesa do Mónaco

Quando tenho que ir ou voltar do escritório a pé, faço o caminho que me parece mais curto e que é quase sempre a direito. Três ruas e mais uma avenida, seguidas, quase em linha recta. Nessas ruas, passo por alguns cafés daqueles que só têm babões, novos e velhos, à porta, a olhar para todas as criaturas do sexo feminino que mexem, novas ou "menos novas", mais tapadas ou mais destapadas.

Normalmente faço o percurso com phones, primeiro porque música ou rádio são óptimas companhias, e depois porque, assim, evito ouvir as alarvidades que os ditos babões mandam cá para fora. Caso calhe de ouvir, por qualquer razão, as frases ridículas de engate que cospem (não sei se eles já perceberam que não engatam ninguém com aquilo), faço de conta que não dei por nada. É certo que, se ninguém ripostar, eles vão continuar a fazer o mesmo, mas de que vale a pena descer ao nível deles? Só pioraria as coisas.

No outro dia, por acaso, não tinha os phones postos. Passei por um café onde estavam uns cinco atrasados mentais à porta, e um sai-se com o seguinte "pseudo piropo de engate", em modo de melodia: "Princesa do Mónacooo...!". Fiz de conta que era surda.

Nobres moçoilos que por aqui passam, ouçam o conselho que vos dou. A primeira coisa que este "pseudo piropo" me lembra, é que as princesas do Mónaco são um pouco... vá, dadas. Chamar uma rapariga tal coisa, é quase como lhe chamar rameira. Se é para deleitarem ouvidos, meus amigos, mais vale irem por uma delicada e encantadora "princesa da Suécia", ou até mesmo uma chique mas um pouco pespineta "Doña Letizia de España" (quem não se lembra do célebre "déjame termiar!" hehe). Ou, finalmente, podem ir, simplesmente, pela "Princesa Leia", que essa tem sempre uma arma por perto, o que é uma mais-valia. E nada de cantorias baratas, fachabori. Ou é para fazer a coisa como deve de ser, ou então, calem-se para sempre.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Pasta de dentes corrosiva

Ontem fui ao dentista para uma consulta de rotina. Há uns tempos abriu uma clínica nova aqui em Braga e, como passo a maior parte do tempo por aqui e até precisava de dar "uma vista de olhos" nos meus sisos, aproveitei uma campanha que eles estavam a fazer. Se ficasse cliente, como fiquei, e caso necessitasse de algum tratamento, como vim a descobrir que precisava, tinha um belo desconto.

Descobri que, ao fim de quase 25 anos (na altura), tinha uma pequena cárie. Sempre tive dentes fortes, e mesmo tendo descuidado algumas vezes a higiene oral durante a adolescência (também, quem é que lavava os dentes depois de comer na cantina da escola?), nunca tive cáries nem nada do género. Aos 18 anos descobri que ainda tinha um dente de leite (devo ter tido dois no mesmo sítio), e que o definitivo "andava a passear no meu palato". Foi a primeira vez que fui ao dentista, porque, muito obviamente, tinha dores. Não se choquem... como podem ver, lá em casa a saúde não era prioritária. Como tive que usar aparelho, comecei a dar mais atenção à higiene oral, mas com os sisos a querer sair a todo o custo, acaba por ser quase impossível escabichar bem os ditos quando ainda estão "meios enterrados". Por isso tive uma pequena cárie, que foi logo tratada para não dar mais problemas.

Ontem voltei à clínica para a consulta de rotina (são de seis em seis meses), e parece que os meus queridos sisos não podiam ter escolhido uma altura melhor para me melgar a cabeça mais uma vez... No mês passado, houve ali uns dias que a gengiva à volta dos sisos inferiores tinha ficado muito sensível e doía como o diabo. A dentista esteve a ver e disse, como eu já esperava, que o dentes estavam a forçar "a sua emersão" e estavam a rasgar a gengiva. Para piorar, o espaço é muito limitado e os dentes são demasiado grandes para um maxilar tão pequeno. Uma das raízes, a do dente esquerdo, para cúmulo, é torta e está mesmo ao lado de um nervo. Esse, muito provavelmente, vai ter que sair, e talvez o outro siso de baixo também. Mas vamos aguardar mais um pouco, para só mexer se e quando for mesmo necessário, porque seria tirar o dente esquerdo vai ser "o cabo dos trabalhos".

Depois do susto, que de certa forma eu já esperava, a dentista esteve então a ver toda a boca e a fazer uma rápida destartarização (e a tirar um resquício de cola que ainda tinha num dente da frente). Advertia que, depois de achar que a minha boca tinha sido assaltada por alguma infecção, que há "alturas no mês" em que a gengiva incha que é uma coisa doida. Ciclos hormonais. Então, para prevenir o sangramento da gengiva, sobretudo "nessas alturas do mês", ela deu-me uma amostra de uma pasta de dentes toda xpto. A bisnaga veio com uma advertência: "o sabor não é nada agradável, mas vai fazer-te bem". Tendo em conta que eu acho que todas as pastas e elixires dentífricos têm um sabor de brandar aos céus e que quase me fazem vomitar sempre que tenho que os usar (excepto os de criança com saber a laranja no Lidl ^^ ), pensei cá para mim que não podia ser assim tão mal.

É mesmo muito mau. É mil vezes pior que o sabor a menta dos produtos do género. O elixir horroroso que tenho é um deleite para o palato comparado com aquilo. A consistência é inexplicável, parece borracha. E pior, sabe a borracha. Por momentos, pensei que estava a lavar a boca com petrólio ransoso com um toque de menta de péssima qualidade, provavelmente contrabandeada de um país da Ásia. Queixei-me ao Moço e, em resposta, tive uma piada. Quanto terminei o "ritual", fui para a beira dele no sofá e disse-lhe qualquer coisa. "Não é assi... CA CHEIRO HORRÍVEL!". Pois, afinal tinha razão. Bochechei com o elixir para tentar nimorar "os estragos". Faz-se o que se pode.

Curiosidades sobre a pasta de dentes Parodontax®:
  • A bisnaga diz "extra fresh". Só se a "frescura" é sinónimo de "produto dentro do prazo de validade".
  • Acabei de reparar que a amostra não tem prazo de validade
  • Um dentífrico "inofensivo" não vem com instruções de uso, muito menos, as seguintes: "SIGA SEMPRE AS INSTRUÇÕES DESCRITAS NA EMBALAGEM. Escove os dentes duas vezes por dia e não mais do que três. Evite engolir e cuspa. Não utilizar em crianças com menos de 12 anos. (...) Mantenha fora do alcance das crianças. Caso ocorra irritação, descontinue o uso da pasta." (A frase a negrito está igualmente destacada na bisnaga); ou ainda "pode ser usado todos os dias".
  • Os ingredientes incluem extractos de várias flores, bicarbonato de sódio, álcool, glicerina e um ou outro polímero lá para o meio escondido.
  • Os fabricantes da pasta de dentes são de Inglaterra, mais propriamente de... Middlesex. Tinha que partilhar. O Billy Idol é de lá. Se são demasiado novos ou distraídos para saber quem é o senhor, fachabori de carregar aqui.