terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ser burro sai caro... mas nem sempre...

No fim-de-semana ouvi duas notícias em cadeia, durante o jornal da noite, que me fizeram pensar um pouquinho. Uma delas já tinha ouvido ao almoço, mas as duas completam-se de uma forma... assustadora. Minha gente, ser um aluno empenhado já não vale a pena, nem tão pouco acabar o secundário a tempo e horas, e sobretudo, com boas notas.

Eu sei que é um pouquinho difícil mudar o chip e tentar incorporar uma nova mentalidade sobre o que quer que seja, todavia, temos que encarar a nova realidade que no facilitismo é que está o ganho. Eu ainda sou do tempo em que me f*odia toda, literalmente, a estudar para tirar uma nota decente nos testes ou nos intercalares a meio do ano (estava no curso de Ciências do secundário, e tinha que "dar ao pedal" ou então ficava na m*rda), já para não falar nos exames nacionais. Se fosse hoje, não sei se não teria interrompido o 12.º ano, ia laurear a pevide uns tempinhos, e depois inscrevia-me nas Novas Oportunidades, acabava o secundário em 3 meses e entrava na Universidade com altas notas.

Antes que haja um tumultuo ao estilo tsunami, fica desde já aqui declarado que eu não sou contra o objectivo da iniciativa das Novas Oportunidades, porque acho muito bem que toda a gente tenha um bom grau de estudo e a educação que por alguma razão não pode ter anteriormente, ora porque tinha muitas dificuldades e teve que desistir do ensino recorrente, ora porque foi obrigada a deixar a escola para ir trabalhar. Mas é para ser uma coisa com termos e que as pessoas que se inscrevem recebam alguma coisa para além do dinheiro da bolsa. Eu estou totalmente contra ao facilitismo que este tipo de oferta gratuita atribuição de certificados dá, porque sem esforço ou trabalho algum, a maioria das pessoas inscritas nesta iniciativa conseguiu obter o 12.º ano que a mim me custou muito sacrifício.

Para não bastar, o Estado achou por bem cortar mais uma vez onde não se deve: nas bolsas de mérito. O pessoal pode-se esfalfar tudinho a trabalhar para ser bom e ver o seu esforço reconhecido, que recebe c*railhos. Isso e vermos alunos que se aproveitam do estatuto de desportistas de alta competição para entrar em Medicina com média de 13 (agora não sei qual é a média, mas quando eu concorri à 4 anos atrás, era só disso que precisava para entrar em Medicina... e claro, o estatuto). Eu sei que ser um desportista deste nível exige muito, porém, o que é demais é erro. Eu conheço várias pessoas que não entraram em Medicina por décimas, e acredito que a frustração deles tenha sido um verdadeiro Adamastor. Essas mesmas pessoas também prescindiram de muitas saídas à noite, de muitas horas de lazer, e sabe-se mais lá o quê para ficarem para trás por décimas, tal como os desportistas sacrificaram partes da vida para entrarem nas competições. Ambos tiveram desgaste, uns mais fisicamente, outros mais psicologicamente. Não acaba por ser tudo o mesmo?! Então porque é que uns têm estatuto e outros não? Não estamos nós num país que enaltece a igualdade?! Talvez só haja igualdade para alguns... mas eu quero (tentar) acreditar que não.

Simplesmente à coisas no meu país e na nossa Educação que eu nunca vou entender...

1 comentário:

  1. As novas oportunidades abusam muito de uma zona cinzenta da legislação dos estudos.

    Apoio quem apenas complete o 12º porque, por mais que muitas razões, não lhes foi possível fazer o 12º ano... até porque há uns aos atrás a educação obrigatória era até ao 9º ano. Mas pronto. Que se há de fazer.

    Em dois anos tiras o 9º e 12º hoje em dia... mas acho que depende de muita coisa

    ResponderEliminar

Sê bem vindo!! Achaste este post tão maravilhoso como a sua autora? Ou tão alucinado da mona? Sente-te à vontade para deixar o teu contributo. Responderei assim que possível. Obrigada pela visita e volta sempre =)