Confesso que não ando muito de transportes públicos, mas quando vou e venho da terrinha, viajo de autocarro, por falta de alternativas, uma vez que não sei conduzir nem tenho carro (isso de ter carta de condução não é condição para se saber, ou não, conduzir...). Mas oh Nightwisha Maria, não sabes onde fica a estação de comboios? Sei, mas desisti. Depois de uns dois anos de greves que eu nunca conseguia perceber quando eram (eram sempre, vá) da CP, decidi mandá-los para o raio que os parta e passei a andar de autocarro. É mais barato (mesmo que tivesse carro, o Orçamento de Estado da Ditadura da Minha Casa não me concederia verba para a gasolina), passa perto de casa e não tenho que fazer transbordos, que ficar quase uma hora em Nine, que não tem nada perto, muitas vezes à noite, era coisa que me punha os nervos em franja.
Por isso, autocarros. Mas as viagens de e para a terrinha são uma autêntica saga. Não tenho expressos. Demoro, de Viana a Braga e vice-versa, quase duas horas, porque o autocarro vai dar a volta pelo bilhar grande, às terrinhas que a maioria das pessoas não sabe que existe, literalmente, por montes e vales e ravinas que não devem ser espreitadas por pessoas com vertigens. Os autocarros não têm internet para me entreter e ler um livro ou até uma sms no telemóvel é coisa para me nausear até à semana seguinte. Por isso, vou o caminho todo a ouvir música. E (infelizmente) a apreciar as pessoas.
Encontrar um sítio para me sentar é uma verdadeira ciência, que até parece merecer um documentário da BBC. Costumo ficar na terceira fila, lugar estratégico, portant's, uma vez que enjoo com uma facilidade quase inexplicável e, depois disso, é tombo para um lado, tombo para o outro. Se me sentar nas primeiras duas filas, a viagem é igualmente arriscada, graças à espécie mais medonha a alguma vez pôs um pé num autocarro: aqueles que morrem se não forem no primeiro banco, ali na peugada do motorista, mesmo que, para isso, se tenham que espremer junto de alguém cheio de sacas (ou malas, no meu caso), ou tenham a lata de nos mandar para outro sítio qualquer, porque aquele lugar tem de ser seu.
Depois de espalhar a minha pessoa e toda a tralha que levo comigo, não consigo deixar de apreciar o espectacular comportamento humano. As pessoas mais velhas, que vão o caminho todo a queixar-se, em altos berros, de que no seu tempo é que era, que os jovens são todos os preguiçosos e coisas que tais. Os trombudos, sempre à coca de um lugar da frente deixado vago por um velhote, o qual atacam como lobos para não o perder para outra pessoa. Aqueles que, mesmo estando o autocarro vazio, se querem sentar, à força toda, ao lado dos dois únicos ocupantes da viatura que viajam sozinhos. Há também aqueles que, onde quer que se sentem, querem meter conversa com qualquer pessoa, nem que seja a senhora que se sentou do outro lado da viatura, só para não ficarem a olhar para o balão.
A viagem em si, pelas horas que passo a ouvir música e a olhar pela janela, sem muitas vezes ver a paisagem porque me encontro distraída nos meus próprios pensamentos, é bastante agradável. São, aliás, óptimas para descansar simplesmente, ou para aproveitar para fazer um exercício de introspecção (é daí que vêm muitas ideias para os posts daqui do WalC). Mas as pessoas irritam-me a alma. Por isso, viajo sempre caladinha, com os meus phones enterrados nas orelhas, a ver se ninguém repara em mim a "estudar" o quão estranhos nós, humanos, conseguimos ser.
Hoje vou andar de autocarro numa dessas viagens. Acendam uma velinha pela minha paciência, fachabori. Ela (a minha paciência) vai precisar.
Depois de espalhar a minha pessoa e toda a tralha que levo comigo, não consigo deixar de apreciar o espectacular comportamento humano. As pessoas mais velhas, que vão o caminho todo a queixar-se, em altos berros, de que no seu tempo é que era, que os jovens são todos os preguiçosos e coisas que tais. Os trombudos, sempre à coca de um lugar da frente deixado vago por um velhote, o qual atacam como lobos para não o perder para outra pessoa. Aqueles que, mesmo estando o autocarro vazio, se querem sentar, à força toda, ao lado dos dois únicos ocupantes da viatura que viajam sozinhos. Há também aqueles que, onde quer que se sentem, querem meter conversa com qualquer pessoa, nem que seja a senhora que se sentou do outro lado da viatura, só para não ficarem a olhar para o balão.
A viagem em si, pelas horas que passo a ouvir música e a olhar pela janela, sem muitas vezes ver a paisagem porque me encontro distraída nos meus próprios pensamentos, é bastante agradável. São, aliás, óptimas para descansar simplesmente, ou para aproveitar para fazer um exercício de introspecção (é daí que vêm muitas ideias para os posts daqui do WalC). Mas as pessoas irritam-me a alma. Por isso, viajo sempre caladinha, com os meus phones enterrados nas orelhas, a ver se ninguém repara em mim a "estudar" o quão estranhos nós, humanos, conseguimos ser.
Hoje vou andar de autocarro numa dessas viagens. Acendam uma velinha pela minha paciência, fachabori. Ela (a minha paciência) vai precisar.
Gosto de viajar de autocarro mas há pessoas que conseguem deixar-nos mal-dispostas...
ResponderEliminarCompreendo-te perfeitamente porque qualquer outro transporte para a Bila sem ser o autocarro é mentira. A minha sorte é que quando comecei a ter estágios, tive um carro porque senão não faço ideia como conseguiria ir estagiar. O nosso Portugalinho em termos de transportes deixa muito a desejar :s Mas auto-estradas é connosco!
ResponderEliminarBeijinhos,
O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'
P.S. - vais ver a diferença.
Ia sugerir tentares dormir no autocarro mas é tao desconfortável... :S
ResponderEliminarAh, as pessoas que demoram eternidades a escolher um lugar e que não vivem bem se não conseguirem sentar-se no seu lugar favorito. Num autocarro de Lisboa, uma vez, entrei na paragem terminal que é também aquela de onde o autocarro parte para a sua viagem. Fui a única pessoa na paragem durante bastante tempo e a primeira a entrar. Sentei-me naqueles lugares únicos, perto da porta, porque a viagem não ia ser longa e sabia que o autocarro ia encher, pelo que se me sentasse mais longe, penaria para chegar à saída. A seguir a mim entrou uma senhora com alguma idade e dois sacos. Olhou, olhou e foi sentar-se no lugar à minha frente (de costas para o motorista). Via-se que alguma coisa a apoquentava. Daí a pouco começa a atirar para o ar que não gostava de ir de costas... Que enjoava... Que os sacos coiso... Note-se que os outros lugares do autocarro estavam todos vazios. Eu continuei na minha vidinha à espera que a viagem começasse. Depois de se lamuriar muito, a senhora interpela-me, perguntando se eu não posso trocar de lugar porque ela não gosta de viajar de costas. Fiquei perplexa. Já tinha percebido que ela não estava satisfeita, mas daí a querer que eu mudasse de lugar para ela ficar bem num autocarro às moscas... Isso nem eu esperava. Respondi-lhe que não ia mudar de lugar, uma vez que o autocarro estava vazio e que a senhora tinha muitíssimos lugares de frente onde se poderia sentar. Mudou de lugar para aqueles que estão a seguir à porta de saída do autocarro e foi o caminho todo a chamar-me de egoísta até eu sair do autocarro. Esqueci-me de dizer que ali pelo meio, enquanto ela me pedia para trocar de lugar, entrou outra senhora que assistiu a tudo escandalizada e que chegou a dizer à velhota “Tem tantos lugares!”.
ResponderEliminarHá anos que ando de autocarro, metro, expresso... Se fosse contar tudo o que já vi e ouvi dentro dos transportes públicos, criava um blogue só para isso. É uma fauna, por isso compreendo muito bem o teu relato. Ah, e adoro as ilustrações: são muito apropriadas.
Nao sou grande fa de transportes publicos, mas tal como tu nao sei conduzir -no meu caso é mesmo por nao ter a carta- assim sendo tem que ser sempre uma alternativa andar de autocarro ou comboio, por pouco que me agrade. Beijinhos. 😊😊😊
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