quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Os estudantes e o mundo...

Hoje, à hora de almoço, vi uma reportagem na SIC sobre estudantes de medicina. Claro, não podiam falar de mais nenhum estudante, tinham que ser os de medicina. Há vezes mete-me impressão que só alguns estudantes de alguma universidades é que são relevantes.

Para quem não sabe, também escrevo para o Jornal Académico da minha universidade, e sempre que se fala de ensino superior, para além das notícias da própria instituição de frequento, que não são assim tantas, só há que relatar temas sobre as Universidades públicas de Lisboa e Coimbra. De vez em quando, lá se lembram que o Porto também tem uma. Os estudos, os entrevistados, as estatísticas, as novidades são todos de Lisboa ou Coimbra. E sinceramente isso enerva-me profundamente. Não sei se toda a gente já reparou, mas Portugal não é só Lisboa... Todo o investimento que o país faz, inclusive na cultura e turismo, vai praticamente (se não realmente) todo para Lisboa. Mas não é sobre isto que desejo falar e, com todo o respeito, vou passar ao que interessa.

Como estava a dizer, fizeram um meeting de estudantes portugueses de medicina, com aqueles que cá estão e aquele que, vá... emigraram para poder estudar aquilo que queriam. Falou, entre outros, um dirigente associativo que estava a participar nesse meeting, provavelmente também como um dos organizadores do evento. Quando a repórter lhe perguntou a sua opinião pessoal sobre voltar ou permanecer no estrangeiro após terminar a licenciatura, o mesmo respondeu qualquer coisa como: bem, muitos estão a pensar regressar para frequentar a especialidade cá e/ou exercer... Mas pessoalmente, e estou em Santiago de Compostela, penso ficar por lá e, eventualmente, um dia destes, voltar para Portugal.

Ora vamos lá ver uma coisa... Se alguém foi rejeitado no seu país, se outros lhe deram a educação, se esses outros lhe oferecerem perspectivas de emprego (já não digo de um emprego melhor, mas de um emprego por si só), porque é que haveria esse alguém de querer voltar? Que achem o que quiserem, porém, a verdade é que Portugal rejeitou e continua a rejeitar um grande número de estudante que por décimas, não entram em medicina, em vez de se lembrarem que talvez fosse mais inteligente aumentar as vagas do curso. Nós com falta de médicos e enfermeiros, e eles a debandarem para o lado de lá da fronteira. Conclusão: temos que importar profissionais do sector de Espanha e da América Latina, tal como importamos praticamente todos os serviços que podiam ser perfeitamente executados por nós mesmos.

Isso fez-me lembrar mais uma das coisas que está mal no meu curso: as vagas, precisamente. Só no ano passado aumentaram as vagas em mil nas universidades do país. MIL VAGAS! Mas esta gente é louca ou faz-se para levar a vida? Tanto jurista por aí, sem emprego nem na sua área ou nas caixas do Pingo Doce, e ainda dizem que é preciso saírem nas universidades mais licenciados em Direito? Isso é um convite ao desemprego, ao gastar dinheiro numa formação que não sabemos bem se vais ser sequer empregue. É vender um sonho pelo qual se paga alto por ele. Depois é claro que o senhor Bastonário queira barrar a entrada na Ordem dos Advogados aos novos juristas (se bem que está a optar pelo pior modo de o fazer... um tema para um post futuro...).

Meus amigos: fiquem onde estão. Não voltem, não vale a pena. Quem vos fala é mais uma estudante que está a pensar pôr-me a andar daqui para fora, não deve tardar muito. E por falar em estatísticas, também falei à hora de almoço sobre a mania que as pessoas têm de se basearem em estudos americanos e estudos americanos. É outra coisa que me dá comichões, diga-se. Mas não sabemos se, na verdade, quem realizou essas mesmas estatísticas foram os tuguinhas que saíram do país há um tempinho para tentar a vida lá fora. Tal como os tipos que fizeram a grande maioria dos sistemas informáticos para a NASA e que ainda lá trabalham... e que são portugueses.

3 comentários:

  1. Mas nesse ponto é a mesma coisa que nem todos os cursos são importantes aos olhos das pessoas. E ficas já a saber que o meu não é dos melhores vistos. Para todos os efeitos, e pelo olhos de outros, sou mais um para o monte.

    Não sei ao certo, mas não acho que haja assim tanta falta de pessoal formado, há sim, falta de experiência profissional entre o pessoal formado coisa que os empregadores não querem admitir pela "falta de experiência".

    Quanto a trabalhar lá fora, não poderia achar melhor. beijos ^^

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  2. Eu estou num curso muito bem visto.
    É um facto.
    Mas não é por isso que acho que muitos curso deveriam ser fechados (nunca deveriam ter sido abertos, sequer), pois não contribuem em nada para a humanidade!
    Apenas para ajudar os que não querem fazer nenhum, a ter um papelito...
    Dói... mas é verdade!

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  3. Heartless - Eu sei foufinho... eu sei.

    Xs - Exactamente! A ideia foi apenas vender mais uma quantidade de licenciaturas que não servem para nada, só para ganhar dinheiro à custa de estudantes enganadinhos.

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