quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Imagine


Não sou indiferente aos últimos acontecimentos mundiais. Qualquer tipo de terrorismo me magoa, porque estou inadvertidamente ligada à minha espécie. Sim, não é só na Europa que há atentados e ataques à dignidade e vida das pessoas, mas não me vou perder com demoradas considerações sobre esse assunto em particular. Cada um sabe de si e da sua consciência, ainda que esta possa vir a afectar a consciência dos outros. Adiante.

De todo o modo, não gosto de falar nestas questões demasiado polémicas, uma vez que, no meio de muita gente de relativo bom senso, que mesmo não partilhando as opiniões alheias, sabe argumentar e respeitar os demais, há sempre um ou outro troll que foge a essa caracterização. Daí, evito alguns assuntos nas redes sociais, discutindo-os no plano analógico, onde corro menos riscos de me chatear, o que, convenhamos, não me ia levar a lado nenhum.

Ainda assim, houve uma coisa que me fez pensar estes dias em relação aos atentados de Paris. Primeiro, a data escolhida, não por ter ocorrido numa sexta-feira 13 (que é uma superstição cristã), mas antes por ter ocorrido no Dia Internacional da Bondade. Segundo, lembrei-me da Sailor Moon. Não, não é uma brincadeira de crianças.

Na última temporada desse anime dos anos '90, e aqui quem não quiser spoilers passe para o paragrafo seguinte, a vilã é uma navegante que, vendo que o mundo estava inundado pelo Caos, fonte de toda a maldade no universo e que parecia impossível de vencer, decidiu tornar-se um recipiente para o alojar. Aí contido, não poderia flagelar mais ninguém. O que a essa navegante, Sailor Galaxia, não contou, foi ser, progressivamente, possuída pelo Caos, levando-a a percorrer o cosmos espalhando o medo e o terror. Até que chegou à Terra e as outras navegantes a enfrentaram. Quase todas pereceram, excepto a Sailor Moon e as Starlights (só aparecem nesta temporada). Na derradeira batalha, a Sailor Moon recusa-se a desistir ou perder e, num momento de quase desespero, percebe que a sua inimiga se debate para fazer o bem. Que há um pouco de esperança dentro dela, afinal. E graças à sua coragem, a Sailor Moon consegue fazer chegar a sua luz, proveniente do amor que sente pelo mundo e pela vida, "quebrando" o recipiente e libertando a Sailor Galaxia. Com isso, contudo, liberta também o Caos.

Apesar de muito agradecia, agora liberta do Caos, Galaxia pergunta à Sailor Moon para onde este terá ido agora, depois da batalha. E é aí que toma lugar esse discurso (deixo o link para o vídeo aqui, em cuja tradução abaixo se baseia):
            Galaxia: E o Caos, desapareceu?
            Sailor Moon: Eu acho que foi para o sítio onde pertence.
            Galaxia: Onde pertence?
            Sailor Moon: Sim, dentro da mente das pessoas.
            Galaxia: Novamente...
           Sailor Moon: Vamos acreditar nas pessoas. Naqueles que amam o mundo. Por favor, não te preocupes! A Luz da Esperança reside na mente de todos!

Ao cabo de tantos anos (só vi o final deste anime há coisa de dois/três anos), levei um murro no estômago. Provavelmente, perdi o melhor daquele desenho animado quando era criança. Aliás, acho que as televisões pararam de o colocar no ar, agora que penso nisso. Não seria a primeira vez que este anime enfrentava a censura, tal como aconteceu noutros países desenvolvidos, já que retrata assuntos polémicos e que podem "fazer mal" às mentes inocentes das criancinhas. Basta pensar as navegantes de Úrano e Neptuno, mas isso fica para outro episódio, prometo. A Sailor Moon, a mais pateta de todas as navegantes, era a melhor de todas elas, a mais forte, porque nunca perdeu a esperança. Porque percebeu que tanto a maldade como a bondade, residem dentro de todos nós. E quanto à primeira, quando a acolhemos no nosso coração, mesmo que pensemos que estamos a fazer uma coisa boa, consome-nos.

John Lennon imaginou um mundo onde não houvesse fronteiras, nada para nos fazer matar ou morrer, sem religiões, onde todos vivessem em paz. Martin Luther King sonhou sobre um mundo em que os filhos dos escravos negros e os filhos dos senhores brancos se sentassem à mesa como irmãos, e onde os seus próprios filhos seriam julgados não pela sua cor, mas pelo seu carácter. Não sou Charlie, não sou parisiense, não sou libanesa, não sou síria, nem nigeriana. Eu... bem, sou Eu. Sou do Mundo. Sou o Mundo. Uma Pandora que, no seu interior, detém todos os sentimentos, os bons... e os menos bons. Talvez devêssemos todos ser Lennon, mas talvez sejamos todos Yoko. Não acredito em boatos, mas diz-se que o que fez os Beatles se separarem foi a mulher do John, por isso, quando há algum elemento estabilizador, costuma-se utilizar o termo Yoko factor para o caracterizar. Penso que o que fez os Beatles se separarem, foram eles mesmo. Acho que somos todos Pandora. E cada um utiliza o seu livre arbítrio para libertar, ou conter, na sua "caixa", os sentimentos que quiser.


Por isso eu escolho rezar pelo mundo. Por todas as almas injustiçadas, sem excepções. E rezo então a quem? A que deus(es)?, perguntam vocês. Independentemente de todos os credos religiosos, o meu incluído, sinto-me tentada a responder: àquele(s) que estiver(em) a ouvir.

#imagine #youmaysayimadreamer #butimnottheonlyone
#ihaveadream 
‪#‎fightagainstshadowmakers‬ with ‪#‎love‬ ‪#‎nohate‬ ‪#‎hugs‬ ‪#‎nofear‬
#bringbackourgirls
#onechild #oneteacher #onebook #onepen can change the word
#francematters #russiamatters #syriamatters #malimatters #themiddleeastmatters #theunitedstatesmatter #theentireworldmatters and #peaceispossible

3 comentários:

  1. Tenho de rever Sailor Moon. Não me lembro nem de metade. Só me lembro daqueles inimigos que eram originados de sementes e que os objetos se transformavam em inimigos. Lembro-me porque depois costumava brincar como se os inimigos fossem objetos transformados =P

    O Mundo sempre esteve um caos, mas as pessoas só se aperceberam agora. Enfim...pensamos que há paz mas não há, nunca houve.

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  2. Tu disseste tudo nesta reflexão. Concordo contigo, é um assunto que toca a todos. A tolerância começa dentro de nós próprios. Não existem pessoas boas nem pessoas más. O bem e o mal, o claro e o escuro existe em cada um de nós. Cabe-nos decidir qual caminho seguir.
    Quanto à Sailor Moon, não é por acaso que é o meu desenho animado/anime favorito. Ensina tanto com coisas tão simples! (E tens razão, ele deixou de ser transmitido na tv).

    xoxo* - mafs: http://alittleguess7.blogspot.pt/

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