sábado, 4 de fevereiro de 2012

Porque nem todos somos assim tão... iguais

Ontem li uma notícia na net sobre os portugueses serem favoráveis em relação à adopção por casais homossexuais. E nesse momento pensei finalmente estamos a evoluir as mentalidades e a deixar de sermos os mesmos tacanhos de sempre! Mas infelizmente, esta onda de aceitação não consegue apanhar toda a gente... o que é uma verdadeira pena.

Muitos são os argumentos que se utilizam invariavelmente para tornar os homossexuais "incapazes" de adoptar uma ou várias crianças. Todavia, antes é necessário esclarecer algumas mentes que os gays e as lésbicas não são inférteis, ou seja, podem ter filhos biológicos. E se for assim, já não há qualquer problema, não? Qual é a razão agora? "Só se estraga uma casa", é? É mais facilmente suportável que alguém seja infeliz por viver uma vida de fachada só para não ser apontado na rua do que ser feliz com a sua alegada diferença? Acho tudo isso uma verdadeira palhaçada. O bem-estar da criança em causa e os seus superiores interesses deviam ser, efectivamente, o mais importante, contudo sabemos bem que isso não funciona assim. Dá-se mais valor aos adultos em conflito, à lavagem de roupa suja, aos nomes feios e sabe-se lá mais não sei o quê, porque isso sim, isso é que é interessante...

Sabem o que acho? Acho que uma criança deve ser acarinhada e receber afecto, não importa realmente se esses sentimentos provêm de um casal formado por um homem e uma mulher, dois homens ou duas mulheres. O que as crianças que acabam no sistema de adopção precisam é que alguém que as queira. E quantos de nós não foram criados pelas avós viúvas ou pelas tias solteiras, porque os nossos pais tinham que trabalhar dia e noite para nos sustentar? Esse foi também o meu caso e não me tornei delinquente por causa disso. Não senhor! Posso dizer, até, que fui muito bem criada e educada, "à moda antiga", como a minha avó diz, a mesma que sempre me deu tudo o que precisei.

Mas ainda assim, há um grande problema no meio disto tudo, que nada tem a ver com os homossexuais pois, a meu ver, eles não têm problema nenhum. É facto que a probabilidade dos adoptados serem mal tratados nas escolas ou infraestruturas equivalentes, isso a que hoje em dia se chama bullying, mas que na minha altura era simplesmente a canalha a ser mazinha de vez em quando, algo considerado perfeitamente normal. Só que neste caso não vejo a razão para as restantes crianças serem "mazinhas", pelo que considero que o papel dos pais destas bastante relevante para os filhos discriminarem e marginalizarem os meninos e meninas adoptados por casais homossexuais. Isso irá acontecer, não nos vamos iludir, porque a nossa sociedade não está preparada para lidar com a diferença dos outros. E assim, parte de todos nós tentar explicar àqueles que ainda olham o mundo com palas de burros que é necessário criar um ambiente seguro e de aceitação para estas crianças. Elas já foram rejeitadas umas vez, daí acabarem no sistema de adopção, não têm que ser rejeitadas de novo.

Espero sinceramente que quando este tema for discutido no Parlamento em cerca de três semanas, que pensem realmente nas crianças em questão e nas suas famílias, que deviam ser tidas por iguais e com os mesmos direitos, mas que bem sabemos que não são tratadas como tal...

7 comentários:

  1. Sou completamente a favor da adopção de crianças por parte de homossexuais... O que as crianças precisam é de serem criadas no seio de uma família que as acarinhe, que lhes transmita valores e princípios. Quanto à delinquência, acho que vejo mais delinquentes saídos dos lares de adopção do que do ceio das famílias adoptantes, por isso não acredito que neste caso seja diferente.
    Quando falas em estas serem menosprezadas nas instituições de ensino, é bem verdade que pode acontecer, mas também acontece com filhos de casais separados, com filhos de deficientes físicos, com filhos de casais sem problemas de maior...
    No meu tempo de escola não havia cá Bulling, havia canalhada que andava a turra e massa e a coisa resolvia-se com duas cabeçadas e 4 lapadas a cada um. Mas hoje não se pode fazer nada aos meninos que eles são pequeninos...
    E no meio disto tudo sabes que sofre? As crianças que ainda não foram adoptadas e que vivem em instituições onde passam necessidades, onde são mal tratadas e muitas vezes violadas pelos mais velhos...
    Mas não acalentes esperanças, que a lei que sair só vai reflectir a merda que anda na cabeça dos políticos!

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  2. A menos que insira dinheiro no governo para que eles encham mais os bolsos deles, não vão ligar muito à situação.

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  3. eu vou guardar o meu comentário para quando tivermos esta conversa pessoalmente...

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  4. Poison - Eu tenho pena que assim seja, que neste momento as politiquices achem tudo e mais alguma coisa importante, menos o bem-estar das crianças que chegam a esperar anos para serem adoptadas, ou então que nunca o são...

    Heartless - Infelizmente, eu bem sei que tens razão...

    Corina - Combinado =)

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  5. Tenho a certeza que grande parte das crianças que vivem em instituições não se iriam opôr a ser adoptadas por um casal homossexual quando foi um casal heterossexual que as submeteu a tais condições. Mas falemos da realidade nacional - só as ultimas gerações e que conseguem ter a mente um pouco mais aberta em relação ao assunto, e mesmo assim, não penso que seja a maioria. Temos a mania que somos muito modernos, gostamos de exibir a mais avançada tecnologia, mas no que toca a evolução psicologica, ehk, os nossos valores morais ainda se prendem muito aos cânones axiomáticos da igreja católica.
    Falando por mim, sou completamente a favor da adopçao por casais homossexuais. Até aos 10 anos eu cresci numa família "convencional" mas a figura paternal nunca foi presente. Se sou um bocado disfuncional por causa disso? Provavemente sim. O facto é que a capacidade de educar nada tem a haver com preferencias sexuais, mas sim com caracter. Se calhar se tivesse tido duas figuras maternais ao inves de apenas uma, tinha tido uma educação mais enriquecedora. I'll never know.

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  6. Como vês vim aqui ler o que escreveste e tenho a dizer que concordo com tudo o que disseste. Algumas pessoas não conseguem nem nunca irão conseguir lidar com a diferença, mas acredito que a cada dia que passe sejam cada vez menos. O que estas crianças precisam é de ter alguém que as ame e que as faça sentirem-se seguras independentemente de ser um casal homossexual ou não.

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  7. As pessoas vivem tanto com o seu próprio umbigo que dá dó...
    Mas ainda bem que as pessoas que têm realmente coração e neurónios estão a vencer!

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